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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Depressão em Adolescentes: Um caso de suicídio



Quem se lembra de um ocorrido em Porto Alegre quando um adolescente de apenas dezesseis anos de idade, suicidou-se? Detalharei algumas características do caso e tratarei do rapaz pelo codinome “Antônio”. Não entrarei a fundo a respeito de questões como o suicidio e a Depressão em si (como essa sendo umas das causas para o suicídio).

Como muitos sites da época informaram, o adolescente planejava sua morte, a qual teve “ajuda” de alguns colegas cibernéticos. Tratava-se de um suicídio anunciado e detalhadamente planejado, já que dividiu com amigos da internet o planejamento de sua morte.
Na data da execução do plano, Antônio escreveu em um post de seu blog:

“(...) eu tenho duas grelhas queimando no banheiro. Aqui está (uma foto é postada para que os demais usuários da rede visualizem), alguém por favor pode me dizer ... quando eu posso entrar no banheiro e deitar? Por favor, me ajudem, eu não tenho muito tempo.”


Até então, não se obtinha informações de casos de um “suicídio assistido” no Brasil, podendo ser retratado apenas em sociedades como o Japão, que conta com uma das maiores taxas de suicídio do mundo. No Brasil, algumas pesquisas mostram que os índices mais altos de suicídio são decorrentes do estado do RS.

Encontraram Antônio somente após o óbito, quando a Policia Brasileira em parceria com a Policia Federal do Canadá chegou até a residência do rapaz. Uma amiga e blogueira de Antônio, informou à Polícia Federal de seu país que estava prestes a cometer suicídio. A amiga de Antônio tinha a intençã de ajudá-lo. A internauta informou à polícias dados que puderam ajudar na localização da residência do rapaz.

Ao final, foi aberto um inquérito para apurar possíveis colaboradores para o suicídio de Antônio. Diante da Legislação brasileira, indução, sugestão ou auxílio ao suicídio são previstos por lei como crime, e o infrator pode receber uma pena de dois a seis anos de reclusão, sendo aumentada em casos que a vítima for menor de idade.




Verifica-se uma importância ao tema por se tratar de um comportamento que não é muito observado em nosso país, além de alertar alguns pais sobre o comportamento de seus filhos, já que como muitos sabem, o caso Davi inspirou grande surpresa de seus pais, colegas e professores. Para quem não se lembra, Davi era uma criança que suicidou- se também em esse ano, em SP; e era dito por todos como um menino tímido, e calmo, que não aparentava qualquer transtorno.

Tal como Davi, o adolescente em tela mostrava- se “acima de qualquer suspeita”. Antônio como descrito por muito, era um rapaz estudioso, culto, que adorava filmes, música e se dedicava ao inglês, cuja língua se mostrava impecável na escrita como quando fazia em seu blog em muitos posts. Além da paixão pelo inglês, havia também o dom de compor músicas, o que chamava atenção de muitos de seus seguidores internautas. O que constata- se ao analisar esses dados é que Antônio, apesar de mostrar-ser satisfatório nos estudos, não demonstrava certo equilíbrio emocional. Mostrava por vezes nos seus escritos características depressivas havendo também questões existenciais.

A internet hoje é um meio eficaz de se construir amizades demandando menos tempo para obtê-las, menos distância, além de proporcionar um grande enriquecimento em áreas do conhecimento. Mas como toda ferramenta de comunicação, há também seus riscos.

Antônio mostrava uma atração por fóruns de discussão com o tema suicídio, e teve sua decisão concomitante com a ajuda de seus seguidores que acompanharam não só o planejamento de sua própria morte, como também se fizeram presentes (no espaço virtual) o processo de execução em tempo real, participando da morte dele.

Muitas das vezes, adolescentes recorrem à internet por ser um meio eficaz de diminuir a solidão e angústia que sentem, diminuem seu sofrimento "garantido" por um compartilhamento deles com pessoas que parece os entender. Para tanto, não deixar espaços vazios se torna importante aos pais afetuosos e interessados ao desenvolvimento de seus filhos.

Fica o alerta para os pais perceberem seus filhos, já que nem sempre o estereótipo da criança “quietinha” e “boazinha” denota sinal de saúde! Perceber pequenos detalhes, e atentar aos mais variados avisos de que algo não está muito bem, se torna essencial.O diálogo ainda é uma das maneiras de conhecer seu filho e proporcionar uma relação de forte aliança.

Apesar de o suicídio apresentar diversas formas e causas e muitas vezes não mostrar- se previsto de sintomas nítidos, podemos perceber alguns sinais de descontrole emocional e um possível planejamento da própria morte, como: Apatia pouco usual; letargia e falta de apetite; Insônia persistente, ansiedade ou angústia permanente; Abuso de álcool, droga ou remédios; Grande impulsividade, agressividade; Dificuldades de relacionamento e integração na família ou no grupo; Insucesso escolar repentino; Afastamento ou isolamento social; Dizer adeus, como se não fosse mais ser visto.