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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Nova vida



Natal: Um momento doce e cheio de significado para as nossas vidas.
É tempo de repensar valores, de ponderar sobre a vida e tudo que a cerca.
É momento de deixar nascer essa criança pura, inocente e cheia de esperança que mora dentro de nossos corações.

Que neste Natal você e sua família sintam mais forte ainda o significado da palavra amor, que traga raios de luz que iluminem o seu caminho e transformem o seu coração a cada dia, fazendo que você viva sempre com muita felicidade. 

Também é tempo de refazer planos, reconsiderar os equívocos e retomar o caminho para uma vida cada vez mais feliz.
 
Teremos outras 365 novas oportunidades de dizer à vida, que de fato queremos ser plenamente felizes. 

Que queremos viver cada dia, cada hora e cada minuto em sua plenitude, como se fosse o último.

Que queremos renovação e buscaremos os grandes milagres da vida a cada instante.

Todo Ano Novo é hora de renascer, de florescer, de viver de novo.
Aproveite este ano que está chegando para realizar todos os seus sonhos!  

FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO PARA TODOS! 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Sobre a Histeria: Identificando um histérico e a face obscura de Don Juan


    Este artigo tem como intuito informar a respeito deste transtorno que segundo meus leitores do blog mantém grande interesse por estas informações, e solicitaram que eu abordasse este tema, a fim de saber identificar características e como se dá a histeria. Além disso, alguns colegas de profissão vêm percebendo uma exigência maior no diagnóstico de pessoas que apresentem as características que possam definir tal transtorno mental, tal o número grandioso/ incidência em suas clínicas.
     Podemos abordar este tema através de duas vertentes: uma segundo a explicação da Psicanálise, a outra segundo uma visão mais técnica sendo baseada pelos manuais DSM-4 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM IV) e o CID-10.
     Segundo a Psicanálise, a Histeria é vista como uma das três estruturas clínicas. Estas estruturas são: Neurose, Psicose, Perversão.
      Tentando adequar a um possível entendimento popular, uma maneira mais fácil para explicar o que são estruturas clínicas dentro da Psicanálise, podemos “comparar” como alguns tipos de Personalidade.
      Estas dentro do saber freudiano, não se poderá falar que são personalidades, mas algo mais complexo: são características, maneiras de se comportar/ portar/ mostrar- se no mundo.
      Dentro na Neurose são feitas duas ramificações: Neurose Obsessiva e Neurose Histérica.
      Falando de Psicopatologia, ou seja, a ciência que estuda as doenças mentais, pode-se dizer que existem diversos graus dentro dos quadros clínicos, seja qual transtorno for.
      Uma pessoa histérica pode ser alguém que apresente traços histéricos de personalidade e não ser patológica, ou uma pessoa que apresente tais traços mais exacerbados sendo diagnosticadas como doença enquadrando-se em um transtorno mental.
       A partir de uma visão psicoanalítica, o histérico se comunica com o mundo de maneira patológica a partir da repressão sexual. Logo a partir desta teoria pensamos então na possibilidade da origem de tal patologia ser proveniente do meio social, mas segundo a psiquiatria e a Psicologia biológica não se pode descartar a probabilidade genética.
     O histérico vê sua potência pulsional exacerbada, em especial no que se refere a comportamentos sexuais. O desejo do histérico é quase que comparado ao sem limite. O sujeito sente que sua única fonte de prazer é o sexo; que não necessariamente tenha a ver com o ato sexual em si, mas sim a sedução, o desejo de mostrar sua força através do flerte.
     Cito aqui audaciosamente o Filme Don Juan. O que percebemos nele? 
    O personagem não necessariamente apresenta compulsão sexual, mas sim uma compulsão da sedução, uma repetição ao seduzir. O que interessa a ele não é fazer sexo, mas sim coagir as mulheres com seus diversos truques e táticas a fim de que elas se rendam a ele.
     Deixo explicitado que ser um Don Juan não é “algo legal”, “bacana”, já que traz grande sofrimento quando o ser se depara com o vazio interno de nada mais ter do que o próprio desejo descontrolado de ser sexual.
     A natureza humana é composta, segundo Freud, pela Pulsão de Morte e Pulsão de Vida. A primeira trata-se da compulsão à repetição, algo comparado a aniquilar-se a si mesmo e a tudo. Já a pulsão de vida busca o prazer. 
    O desejo é concebido da união dos dois: não existe Vida sem Morte perante a teoria freudiana.
     A histeria apresenta características fortes com relação ao corpo do sujeito. A pessoa que SOFRE deste tipo de transtorno ou que apresenta uma estrutura clínica histérica vê o mundo de maneira sexualmente exacerbada e que seu quase que único “dom” é ser desejado.
      Ele enxerga o mundo e as pessoas de maneira deturbada, como se todos ao seu redor o visem como irresistíveis sexualmente e que são atraídos por este. Como bem exponho e friso, esta é uma visão distorcida da realidade.
      Podem até mesmo induzir ou tentar seduzir, conquistar todos à sua volta como explicita Bergeret (2006): mantém uma “percepção vertiginosa de seu limite extremo, o desejo de desejo insatisfeito, a sua incorporação maior, a saber, a fantasia incestuosa. É nesse sentido que, com a histeria toda pulsão irá se tornar incestuosa”.
     Em certo período da história da Psicoanálise, a histeria foi vista como uma maneira de lidar com a realidade não lírica, florida, em que o sujeito tenta fugir para um mundo de desejos desmedidos, para o seu próprio mundo.
    Segundo alguns estudiosos, a histeria é uma forma de lidar com o mundo ao passo que fugir da realidade, da problemática da vida comum a todos e das obrigações que o mundo oferece seria o melhor beneficio. Freud vê a histérica como “aquela cujas fantasias não lhe permitiram entre ser menino ou ser menina. Elas querem, mas não conseguiram assumir as responsabilidades desse querer”.
     O sujeito histérico foi visto como um ser passivo em muitos casos. Hoje estudos mais recentes indicam o contrário: muitos usam de sensualidade para adquirir benefícios em favor de conseguir atenção exclusiva, ou seja, atenção voltada a eles.
     Outra característica para reconhecer um histérico é a sua dramatização. O histérico na verdade se assemelha e muito com um ator. Diz-se vítima da vida, das pessoas e do mundo no geral. Eles lidam com as pessoas como se fossem atores e demonstram grande carência afetiva.
     Estas características são resaltadas no Transtorno de Personalidade Histriônica: manifestam atitudes de pessoas que desejam atenção a todo o momento sejam através de risos altos, roupas ousadas (como roupas transparentes, decotes e saias curtas).
    São pessoas complicadas de lidar e que merecem atenção psicológica, e na maior parte das vezes psiquiátrica havendo uma intervenção medicamentosa. Parentes e amigos são aconselhados a passarem também por processo terapêutico, já que tem de mudar certos hábitos e comportamentos para lidar com este transtorno complexo.

O Transtorno de Personalidade Histriônica
     A Personalidade histriônica é um quadro em que pessoas com características histéricas se enquadram, só que de forma exacerbada, portanto enquadra-se não somente como uma característica de personalidade, mas sim um desajuste de personalidade, por isso o nome transtorno.
     Dentro do CID-10 ela é encontrada sob a numeração F60.4.
    Segundo os manuais de desordens mentais, este transtorno é apresentado em indivíduos que possuem um padrão emocionalmente instável, sendo a emocionalidade excessiva; apresenta uma necessidade absurda de chamar atenção para si mesmo.
    Saliento que dentro desta característica de “chamar a atenção”, vê-se uma procura de aprovação.
    É interessante ressaltar que este quadro apresenta características fiéis de uma estrutura clinica histérica, já que a sexualidade exacerbada está evidente nestas pessoas. Elas atribuem o poder sexual como fonte de prazer e muitas das vezes mostram-se extremamente inapropriados por esta vontade de seduzir as pessoas, chegando a aparentar certa inadequação social tamanha é o exagero nessa sexualização de si, pois são inapropriados sexualmente.
     Como vemos isso? Exemplo: em um lugar que está disponível o aprendizado como uma faculdade, eles apresentam sexualidade inadequada, de forma exacerbada, exagerada e que não convém com o meio em que estão.
     Fundamental para identificar um histriônico ou uma histriônica é a DRAMATIZAÇÃO. Estes indivíduos veem o mundo como um grande palco para apresentar-se e amam os aplausos.
     São confundidos ou até mesmo permeiam bem o meio artístico, já que este é propício a tais atitudes desmedidas. Poetas, atores e cantores permeiam com suas doenças sem nem ao menos serem diagnosticados na maior parte, pois há um imaginário social de que os artistas podem permitir-se exagerar.
     O convívio com estas pessoas podem acarretar certos transtornos tais como termino de relacionamentos regatos a dramatizações e ameaças de suicídio.
   Apesar de parecerem sempre animados e exaltados, alternam os estados entre o entusiasmo e o pessimismo.
   Mas veja bem, não poderá este quadro de um transtorno de personalidade ser configurado ou comparado a um transtorno de humor, já que no caso dos transtornos de humor, este é instável (o humor é instável), já os de personalidade são estados instáveis, ou melhor, dizendo a maneira como se veem e se mostram no mundo são instáveis, mas nada tem a ver com o humor, já que a percepção do mundo que muda não o humor. A personalidade aqui que está em questão, ela muda, na o humor somente.
     O histriônico apresenta egocentrismo. A maneira como lida com o outro se assemelha com exaurir forças de outrem para lidar com este anseio de aplausos. Usa o outro para contentar- lhe esta sede de reconhecimento. Apresenta uma desorganização egóica, auto- indulgência, anseio por admiração e comportamento persistente e manipulativo afim de obter tais necessidades acima descritas.

O Filme “Don Juan” como ilustração de uma possível Personalidade Histriônica
    Logo no começo desta matéria citei como exemplo o Don Juan. Em várias passagens do filme vemos esta sexualidade inapropriada, bem como a cena em ele chega fantasiado (a vestimenta já é um demonstrativo de inadequação social característica deste transtorno, já que tal é inadequada para a ocasião- naquele momento que não tratava-se de um baile à fantasia), e seduz uma mulher que encontra-se sentada sozinha.
    Em outro momento do filme após o rompimento com a amada Dona Ana, ele tenta suicídio, mas observe que de verdade ele não tenta, ele ousa chamar atenção, pois o local escolhido foi público e em um lugar alto, fazendo com que as pessoas que estavam ali naquele momento voltassem sua atenção a ele.
    Vemos nisto outra característica comum do histriônico: dramatização.
     Quando adentra no hospital psiquiátrico, seduz as enfermeiras, bem como o psicólogo em crer que o que ele fala é verdade, e que sua real identidade é o Don Juan De Marco e não outro sujeito.

Identificando um Histriônico

     O diagnóstico deve se basear no cuidado, exatamente pela dificuldade em perceber quando a pessoa possui um transtorno ou não, já que a maioria dos transtornos de personalidade não são muito vistos com transtornos, pois são mascarados pelas atitudes normais de qualquer um de nós. Eles percorrem os meios profissionais, conseguem conviver normalmente.
     Bem como o transtorno de personalidade anti- social estes indivíduos são extremamente sedutores no que se refere à sedução social, não só quanto a pares românticos, mas também amizade e colegas de trabalho. Conseguem afeto e admiração do outro por seu jeito divertido e sagaz. Apresentam dotes sociais, normalmente são apoderados de inteligência e sabedor de conhecimentos gerais como ninguém; além de manter um bom papo, e sua presença ser até divertida.
    Isso se transforma um pouco quando este sujeito percebe que não consegue ser nem sempre o sempre das atenções, então entra em cena o pessimismo e o desânimo. Além disso, quando se veem “apagados” perto de outra pessoa (ou outras pessoas) podem destruir relacionamentos sociais, profissionais e amorosos. Não sabem lidar com a frustração, perdas e fracassos.
     Mas veja bem, uma coisa é você ser alguém que atrai admiração pela personalidade admirável, outra, são certas características serem exacerbadas. Por isso é tão difícil a identificação em certos casos.

Como Identificar
    Para identificar se você conhece alguém assim percba certos sintomais essenciais dete tipo de transtorno: (em negrito estão os comportamentos mais visíveis)
1.    Comportamento exibicionista;
2.    Busca constante por apoio ou aprovação;
3.    Dramatização excessiva com demonstrações exageradas de emoção, tais como abraçar alguém que acabou de conhecer ou chorar incontrolavelmente durante um filme ou música triste;
4.    Sensibilidade excessiva frente a críticas ou desaprovações;
5.    Orgulho da própria personalidade, relutância em mudar e qualquer tentativa de mudança é vista como ameaça;
6.    Aparência ou comportamento inapropriadamente sedutor;
7.    Sintomas somatoformes, e utilização destes sintomas como meio de chamar atenção;
8.    Necessidade de ser o centro das atenções;
9.    Baixa tolerância à frustração ou à demora por gratificação;
10.    Angústia provocada pela alternância de crença nas próprias mentiras insustentáveis (mitomania);
11.    Rápida variação de estados emocionais, que podem parecer superficiais ou exagerados a outrem;
12.    Tendência em acreditar que relacionamentos são mais íntimos do que na realidade o são;
13.    Decisões precipitadas.

    Dentro do DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 4ª edição) a Personalidade Histrionica é conceituada a sintomatizada desda maneira: (em negrito estão os principais sintomas).
     Um padrão predominante de emocionalidade em excesso e procura por atenção, a partir do começo da idade adulta e presente em uma variedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1.    Sente-se desconfortável em situações no qual ele ou ela não é o centro das atenções;
2.    Interação com outrem é frequentemente caracterizada por comportamento inapropriadamente sedutor ou provocativo;
3.    Demonstra mudanças rápidas e superficiais de emoções e avaliações sobre outrem, principalmente seus críticos;
4.    Busca de parceiros simultâneos;
5.    Utiliza consistentemente a aparência física e vestimenta (elegante ou ousada), para chamar atenção para si;
6.    Tem um estilo de discurso excessivamente impressionável e deficiente em detalhes;
7.    Demonstra dramatização, teatralidade, e expressão exagerada de emoções;
8.    É sugestionável, isto é, facilmente influenciável por outrem ou circunstâncias;
9.    Considera os relacionamentos mais íntimos do que realmente o são;
10.    Desprezo por diagnósticos e teimosia em julgar-se pessoa sã;
11.    Dificuldade de concentração e na leitura de textos longos, tendendo à supeficialidade intelectual.

Agora, verificamos o que o CID-10 expõe: ( há que se haver o mínimo de três características desta listagema seguir – novamente em negrito grifo os sintomas essenciais):
1.    Dramatização, teatralidade, e expressão exagerada de emoções;
2.    Sugestionabilidade, facilmente influenciável por outrem ou ambientes;
3.    Afetividade superficial e instável;
4.    Busca contínua por excitação e atividades onde o paciente é o centro das atenções;
5.    Sedução inapropriada em aparência ou comportamento;
6.    Busca de parceiros simultâneos;
7.    Desprezo por diagnósticos, críticas e sugestões que não coincidam com seu comportamento;
8.    Preocupação excessiva com aparência física, vestimenta e acesssórios.
9.    Em casos extremos, pode insinuar-se para depois ser receptiva ao assédio do sexo oposto, mesmo que de pessoas com pouca ou nenhuma intimidade;
10.    Inconformismo com o fim de relacionamentos, seguido de TOC -Transtorno Obsessivo Compulsivo com prevalência à obsessão pelo Déjà-vu na busca de reeditar relacionamentos que já não existem mais.

    Faz-se necessário um estudo aprofundando e saliento a importância da prudência no diagnóstico seja em qual tipo de transtorno for.
    Esta matéria expõe informações a respeito de um transtorno sério e que merece ser tratado com respeito.
   Se você conhece alguém com certas características tais as apresentadas aqui, procure um profissional sério.

Sugestões para leitura: 

BERGET, Jean. Psicopatologia Teoria e Clínica. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Organização Mundial de Saúde. Classificação Estatística Internacional de Doenças - CID-10 - Edição    10.     Editora: EDUSP, 2007.

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM IV)

 KAPLAN & SADOCK. Compêndio de psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2007.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais- 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2008.

CUNHA, Jurema e colaboradores. Psicodiagnóstico V- Revista e Ampliada 5ª Edição. Porto Alegre: Artmed.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Feliz Natal!

Olá queridos pacientes, parceiros e amigos! 

         Vem chegando as comemorações de final de ano e como vocês bem sabem ficamos numa correria só, não é mesmo?! 
    Para a preparação das festas e para tudo ocorra maravilhosamente bem gastamos um bom tempo com diversos detalhes para homenagear a todos que gostamos e celebrar datas tão especiais e importantes que fazem parte dos nossos rituais ocidentais.
            Fiquei temerosa em não "dar conta" de expor os meus votos de Prosperidade e Riqueza, Alegria, Sucesso, Paz, Amor, enfim o melhor para todos que desejo do fundo do meu coração e por quem tenho grande apreço!
        Decidi então desejar antecipadamente tudo isso que expus acima, a vocês. 
           Meu caros, fiz um filme especial com muito carinho para que vocês possam apreciar. Ele encontra-se neste link do You tube: 



Desejo enormemente um maravilhoso Natal e Boas festas!!!

Com grande carinho, Raquel.
  

Mensagem: "Que neste Natal..."
 
 
 Que neste Natal,
eu possa lembrar dos que vivem em guerra,
e fazer por eles uma prece de paz.


 



Que eu possa lembrar dos que odeiam,
e fazer por eles uma prece de amor.


Que eu possa perdoar a todos que me magoaram,
e fazer por eles uma prece de perdão.


Que eu lembre dos desesperados,
e faça por eles uma prece de esperança.

Que eu esqueça as tristezas do ano que termina,
e faça uma prece de alegria.



Que eu possa acreditar que o mundo ainda pode ser melhor,
e faça por ele uma prece de fé.

 




Obrigada Senhor
Por ter alimento,
quando tantos passam o ano com fome.



Por ter saúde,
quando tantos sofrem neste momento.




 

Por ter um lar,
quando tantos dormem nas ruas.


Por ser feliz,
quando tantos choram na solidão.


Por ter amor,
quantos tantos vivem no ódio.


Pela minha paz,
quando tantos vivem o horror da guerra.

  
(autor desconhecido)


                  A você e seus familiares desejo Boas Festas!

                                
                        São os votos de Raquel Freire do Amaral

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Freud não é o pai da Psicologia: a diferença na formação do Psicólogo, do Psicanalista e do Psiquiatra.




  O saber psicológico sempre esteve presente no interesse do homem no que diz respeito ao desejo em saber mais de si, mais da “alma”, mais do algo interno, e que buscamos na ciência a explicação para alguns conceitos tão inerentes à própria existência humana.
  A Psicologia enquanto ciência se faz da união entre a fisiologia (funcionamento do organismo – o biológico) e a filosofia (o saber que se preocupa com o pensamento – a metafísica significando, para além da física; da matéria).
  Os primeiros estudos a respeito do psiquismo data desde o século V a.c. com Platão, Aristóteles e outros sábios gregos, que se atinham em questões como a memória, a aprendizagem, a motivação, a percepção, a atividade onírica e o comportamento anormal.
  A característica essencial que começou a culminar em algo parecido com o que entendemos hoje, como sendo a Psicologia ocorreu quando houve a mudança no método de estudo dos fenômenos mentais datando o último quarto do século XIX. Vê- se vestígios disto quando a abordagem e as técnicas usadas se tornaram essencialmente científicas, estruturadas à base das ciências físicas e biológicas, fazendo com que a Psicologia da época, fosse diferenciada em uma ciência única, e não mais como um ramo da filosofia.
  Foi então que, em dezembro de 1879, em Leipzig na Alemanha, o fisiólogo Wilhelm Wundt implantou o primeiro laboratório de Psicologia do mundo. Em 1881, fundou a revista “Philosophísche Studien”, considerada a primeira revista de psicologia dedicada primordialmente a relatos experimentais.

 Enquanto isso, em meados de 1882 e 1885 o neurologista Sigmund Freud começou sua observação a respeito de quadros histéricos juntamente com o também médico, Josef Breuer. O que intrigou inicialmente Freud foi que após seu envolvimento com estudos de Charcot sobre a hipnose, percebeu que conseguiria realizar um trabalho de cura com pacientes enfermos, eles estando sob a posse da consciência, e não precisando utilizar – se das técnicas hipnóticas.
  Percebeu que a cura pela palavra era possível. Para ele foi uma grande providência estudar este universo antes nunca explorado na área médica.
  Descobriu que imperava um lugar obscuro da alma humana, algo que não estava disposto na consciência, mas que esta era uma via de acesso a este universo sombrio. Atentou que este lugar podia ser trazido às esferas mais superficiais (consciência) com o tratamento psicoanalítico (análise da psiquê, da mente).
  Surgiu então um novo saber, algo que estava prestes, segundo ele mesmo acreditava, uma ciência revolucionária, algo inexplorado e mágico a respeito da mente humana para além da física.
  
  A diferença primordial entre Psicologia e Psicanálise é que a Psicologia, enquanto Ciência e Profissão, tal como consta no juramento do formando em Psicologia, e regida a partir de um conselho científico, necessita de argumentos que sustentem o metafísico.
  Para a Psicologia há que se explorar algo palpável e visível tal como os comportamentos; já para a Psicanálise o que interessa é o desejo do sujeito.
  Desde os primórdios da Psicanálise, seu fundador e idealizador, Sigmund Freud visava este saber a todos aqueles que mantêm um interesse por ela, não estreitando- a somente aos médicos ou Psicólogos. Sua grande tendência era o saber repassado não só aos especialistas, mas também aos leigos como cita em sua conferência em 1909, a Clark University, Worcester, Massachusetts.
  Seu propósito era de separar a Psicanálise de outros saberes científicos e fazer dos psicanalistas todos aqueles que mantêm um interesse pela formação, não se inclinando a área acadêmica.
  Logo, o desejo de Freud foi construído e praticado, e o que temos hoje é um saber comum a todos. Ou seja, um formado em Letras ou em Biologia, poderá iniciar a Formação em uma escola de Psicanálise, sendo assim nomeado psicanalista.
  A grande confusão, se é que posso assim dizer, é que muitas vezes são indiscriminados alguns nomes e títulos a algumas formações distintas. São elas:
  O Psicólogo não necessariamente é um psicanalista, mas estuda Psicanálise dentro da faculdade de Psicologia, mesmo sendo a Psicanálise um saber avulso à Psicologia.
A formação do Psicólogo é estruturada por uma faculdade tanto prática quanto teórica que percorre uma duração de cinco anos (4 anos bacharelado- formação do Psicologista; mais um ano para obter a licenciatura- formação do Psicólogo).
  Dentre as áreas possíveis de teorização e atuação do psicólogo estão a Clínica e a Instituição (como hospital psiquiátrico, hospital médico, Tribunal de Justiça, Polícias Civil, Federal e Militar, CREAS e CRAS, entre outras).
  As três principais abordagens teóricas da Psicologia formam a tríade psicológica: 1- Psicanálise; 2- Comportamental; 2- Humanismo.
  A Psicanálise aborda o “grande buraco negro”, o inconsciente. É um método terapêutico cujo objetivo é a interpretação de conteúdos inconscientes que podem vir à tona através de sonhos, palavras, ações e produções imaginárias. A técnica utilizada está pautada na associação livre e na transferência.
O comportamentalismo aborda a gênese do ser humano como sendo uma tábula rasa, em que o processo de aprendizagem é imperativo para sua constituição. A modificação dos comportamentos não desejados são banidos com técnicas próprias desta subárea da Psicologia. A observação externa é levada em conta, inclusive a influência do meio no processo de aprendizagem dos comportamentos.
  O Humanismo vê o ser humano como o ser que detém a responsabilidade de si e de suas ações, não sendo ele controlado pelo ambiente, nem pelas condições impostas. A consciência de suas escolhas e atitudes é o que faz da teoria humanista ter como base principal a epistemologia e a fenomenologia.
  Se o psicólogo após sua formação não quiser se especializar em nenhuma destas subáreas, terá como seu título Psicólogo Clínico, onde poderá atuar com uma destas abordagens ou nenhuma, se fazendo utilizar apenas da Psicologia Clínica tanto no consultório quanto em instituições.
  Uma parcela da população não se atenta pela diferença entre a atuação do psicólogo e do psiquiatra. O psiquiatra não necessariamente é um psicanalista, a não ser que ele obtenha a formação para isto. Além de sua formação médica e de sua especialização em psiquiatria, deverá ter formação em uma Escola de Psicanálise para obter a denominação de psicanalista.
  O psicólogo não é um psiquiatra, nem um psiquiatra é um psicólogo, a não ser que tenham as duas formações (Psicologia e Medicina com especialização em psiquiatria).
  O psiquiatra é um médico, poderá prescrever um tratamento diferente da Psicologia.  A inserção de medicamentos está sob a atuação dele, não sendo o mesmo foco do Psicólogo, cuja cura advém pela palavra e não pelo medicamento.
  Uma questão interessante é “quem pode ser atendido pelo psicólogo?” A resposta é todos que desejam o aprimoramento de si e consciência da vida. Não necessariamente a Psicologia serve somente para casos de psicopatologia (transtornos da mente como a Depressão, o Transtorno de Humor Bipolar, Transtorno de Personalidade Borderline), mas também as pessoas ditas por Freud como Neuróticas, que psicanaliticamente falando, equivalem ao sujeito “normal”.
  Não costumo falar o termo autoconhecimento, até porque penso que todos nós sabemos ou pelo menos intuímos quem somos, mas em que diversas fases de nossas vidas não mantêm por diversas razões, a consciência (de significado maior desta palavrinha).
  Tanto a Psicologia quanto a Psicanálise tratam de questões relacionadas ao encontro, ou melhor, o re- encontro de si. Muitos traumas, e angústias podem ser cuidados na clínica tanto do analista quanto do psicólogo clínico, só que, por abordagens diferentes e se utilizando de técnicas às vezes, diferenciadas.


 Referências e algumas sugestões para estudo:
SCHULTZ, Duane P., SCHULTZ, Sydney E. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
ODAIR, Furtado; BOCK, Ana Mercês Bahia; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. As Psicologias  - Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. São Paulo: Ed. Saraiva 13ª.ed , 1999- 2001.
Cinco lições de Psicanálise (1910 (1909)).  Obras completas Sigmund Freud Vol. XI.