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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Freud e o Cavalo Branco

       
        
          Desde que iniciei meus trabalhos em clínica utilizei um símbolo para as publicidades do consultório: o cavalo branco. Alguns chegados perguntavam- me o porquê de ser um cavalo e ser da cor branca. Resumia o motivo, mas aqui, neste post, venho explicitar maiores detalhes a causa da minha escolha.

        Freud em um de seus escritos “Análise de uma fobia em um menino de cinco anos” de 1909 descreve o primeiro tratamento psicoanalítico em uma criança. Tamanha é a importância desde trabalho, que a maioria daqueles que buscam o entendimento da psiquê infantil buscam tal passagem da obra freudiana. Esta análise é costumeiramente reconhecida como o “Caso do Pequeno Hans”. Hans em alemão significa cavalo.

A criança em questão apresentava crises de ansiedade e sintomas de fobia, impedindo- o de sair de casa. Tal era compreendido através do temor do menino em deparar- se com um cavalo.

Aos 4 anos e 8 meses foram apresentados indícios de fobia relacionados a dois acontecimentos em específico, são eles: sentia grande temor ao ver um cavalo cair no chão- resfolegar e espernear; e temia ser atacado/ mordido pelo cavalo.

Durante o adoecimento e o repouso de 15 dias em casa decorrente de uma forte gripe, sequenciada uma amigdalectomia. Freud como médico preocupou- se com o início da enfermidade, mas seu espírito perspicaz tal de um investigador da mente humana, não ficou retido em seus conhecimentos médicos, e nos tratamentos convenientes a sua profissão. Interpretou que tal origem da gripe poderia ter um significado muito especial relacionado à boca (amigdala). Salientou que a boca teve uma simbolização importante para o despertar da fobia, já que o pequeno paciente frequentemente relatava as seguintes palavras “os CAVALOS BRANCOS mordem. Quando a gente passa os dedos na frente deles, eles mordem”.

O início da aproximação da criança com este específico animal (o cavalo) teve origem nas suas brincadeiras pueris, em que brincava de ser cavalo com outras crianças e com seu pai.

Obranco tornou- se para Freud um símbolo de grande importância para o entendimento do processo traumático do caso, e posteriormente para ajuda no que diz respeito à cura. A interpretação foi de que o branco do cavalo se assemelhava a mesma cor do branco do avental do médico que tratava da constipação intestinal da criança.

Antes disto cabe expor que aos três anos de vida, o garotinho apresentava curiosidade pelos órgãos genitais tanto os seus quanto os de outras pessoas, além da curiosidade sexual pelos órgãos dos animais. Decorrente desta curiosidade pueril, atos de masturbação se tornaram frequentes, sendo estes reprimidos pela educação da mãe. Nestas ocasiões, a genitora ameaçava- o dizendo que se não parasse com tais comportamentos, levaria- o a um médico para cortar- lhe o“pipi”. Perante esta ameaça de castração constante prendia o filho com uma camisola, cujas mangas ao serem atadas impediam a criança de manusear seus órgãos genitais.

A repressão sexual por parte da figura materna era tamanha, que o menino aos três anos e meio apresentou sinais de ansiedade, tais como depressão, crises de angústia, e um medo excessivo em separar-se da mãe.
          Certa vez após uma chamativa da genitora, o garoto teve um sonho naquela noite. Sonho este em que a criança relatara ao pai que fora mordido por um cavalo, revelando características detalhadas de que seu medo não se dava somente ao animal fora de sua casa, mas também esse atacando- o dentro de seu quarto.

Freud observando tais revelações interpreta que o temor da mordida do cavalo, qual a criança se refere, relaciona-se com o medo e a angústia, sendo consequências de seu ato masturbatório ameaçados pela mãe. Após tal interpretação apresentada ao menino, o paciente apresentou uma aparente melhora do quadro.

No desenrolar da averiguação do “Caso Hans” revela- se uma ilustração de que certa vez quando o menino brincava com uma de suas coleguinhas, o pai dela adverte quanto ao perigo em aproximar sua mão à boca do cavalo, sendo enfático: “Não aproximes os dedos ao cavalo porque te morderá” (1909 apud FREUD; ABERASTURY, 1982, p. 27).

Dr. Freud atenta que a fala do genitor de sua colega remete ao menino a mesma repressão que a mãe lhe faz ao proibi-lo de masturbar- se. Tal explica o porquê do signo “cavalo” estar interligado azoofobia de Hans. Digo, pois o valor da advertência do pai da amiga se equivale ao valor da advertência masturbatória da mãe de Hans.

“O material patogênico fica transferido ao complexo do cavalo e transformado uniformemente em angustia todos os afetos concomitantes. O cavalo sempre foi para menino um signo de prazer do movimento, mas como este prazer integra o impulso ao coito, fica restringido pela neurose, que erige também ao cavalo, na própria imagem do medo” (1909 apud FREUD; ABERASTURY, 1982, p. 29)

A Fobia

Sabemos que na fobia os deslocamentos são múltiplos. No caso, Hans transferiu para a figura do cavalo o seu temor pelo animal em adentrar em seu quarto, pois o quarto era o local que o menino masturbava-se.

O que é interessante observar em todo este caso clínico e que saliento em minha prática clínica é que o maior fator efetivo para a cessação dos sintomas é o desejo de cura. A criança ao perceber que relatando seus sentimentos seguidos das interpretações do profissional lhe causam conforto. Em qualquer tratamento, seja médico ou psicológico, o desejo de cura é o que salva o paciente de sua enfermidade.

Vimos na história da Psicanálise e da Psicologia Infantil no geral que durante longo tempo os profissionais acreditaram que a criança por ser um ser não desenvolvido tanto organicamente como psicologicamente comparado ao desenvolvimento de um adulto, não detinha a consciência da enfermidade e a clareza do poder da cura. Hoje sabe- se que a criança se apodera tanto da consciência da patologia quanto da possibilidade da cura. Observo isto constantemente na minha prática clínica com crianças.

Atualmente através da técnica do jogo, é visível que a criança expressa com os brinquedos os mesmo conflitos e os interpretamos do mesmo modo. Ao conscientizarmos da importância do significado latente dos seus jogos, desenhos, sonhos, sonhos diurnos, associações, e a interpretação seriam tão eficaz tal como ocorre no tratamento de adultos. A diferença primordial é que ao substituir a associação livrepela linguagem pré-verbal, constitui e substitui a capacidade da criança de compreender a interpretação, e o poder em estabelecer a transferência com o terapeuta. Seguindo tais preceitos necessários para a análise infantil cumpre-se a eficácia e a possibilidade real no que se refere ao tratamento de crianças similar à existente para a psicoterapia de adultos.

As evoluções das técnicas possibilitam cada dia mais a análise de crianças muito pequenas, podendo ser aplicada a partir de quinze meses de vida. Esta evolução técnica multiplica e expande o sucesso no tratamento de muitos casos psicossomáticos tais como úlcera, colite ulcerosa, asma, eczema e acetonemia, além da profilaxia de enfermidades futuras, mediante a orientação psicológica.

Esta publicação tem grande importância para mim, pois senti a necessidade de expor a vocês que me acompanham o porquê dos cavalos brancos serem símbolos publicitários de minha clínica e de meu trabalho. O cavalo branco para mim representa grande favoritismo ao relembrar esta passagem da obra freudiana relacionada ao primeiro tratamento infantil na história da Psicanálise, cuja abordagem teórica (Psicanálise) me inspira, e cujo público (infantil) começou a minha trajetória enquanto Psicóloga Clínica.

Referência Bibliográfica
· FREUD, Sigmund. Obras Completas de Sigmund Freud Volume X (O “Pequeno Hans” e o “Homem dos ratos”) - ANÁLISE DE UMA FOBIA EM UM MENINO DE CINCO ANOS (1909). Versão em Alemão: “ANALYSE DER PHOBIE EINES FÜNFJÄHRIGEN KNABEN”; Tradução inglesa: “Analysis of a Phobia in a Fiver-Year-Old Boy”.
· ABERASTURY, Arminda. Psicanálise da criança- Teoria e Técnica. Porto Alegre: Artmed, 1982.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Bela e a Fera sob a perspectiva psicológica da Co- Dependência



Todos nós crescemos com grandes personagens dos contos infantis. Seja qual for a cultura todos eles permeiam nosso desenvolvimento enquanto seres humanos dotados de inteligência. Quem nunca assistiu ou ouviu a estória de uma fera que se apaixona por uma linda donzela?
        
Apanhados do  conto “A Bela e a Fera”
Desde nova Bela passou por grandes decepções na vida, como a morte prematura de sua mãe. Após tal acontecimento foi educada por seu pai e conviveu com ele e suas três irmãs.
No desenrolar do conto percebemos que Bela foi usada para submeter-se ao estilo egoísta e exigente das irmãs. A moça se mostra tão complacente que até mesmo o pai tiraria proveito dela em certas ocasiões, o que fica bastante evidente quando ao roubar uma rosa do jardim da Fera, o pai invés de cumprir alguma “pena” pelo roubo, oferece uma de suas filhas, e no caso, Bela quem se oferece. Rapidamente o pai aceita em vez de entregar- se.
Quando estão em convívio, o relacionamento de Bela com a Fera parece uma “montanha- russa sendo conflituosa e traumática. Poder-se-ia que ao se mudar para o castelo da Fera, esse começou a oferecer à “esposa” tarefas domésticas sendo grande crítico dos afazeres da moça espezinhando –a, além de a jovem ter de presenciar seus acessos de fúria.
Como ela cresceu tão acostumada a tratamentos tão mesquinhos mantinha- se submissa, onde qualquer comportamento oferecido com o mínimo de carinho possível alegrava- se. Esquecia-se dos comportamentos agressivos e tudo o que ela passou realizando- se com singelas demonstrações de carinho.
Esta é uma das características do que chamamos na Psicologia de Co- Dependência.
Exemplo do quando este quadro é grave ilustramos dentro do conto infantil que quando a Fera permitiu Bela sair do castelo para visitar seu pai adoentado. A sorte da menina foi que quando a Fera permitiu este ato, descobriu que dentro de uma armadura havia também um coração, e soube que poderia doar amor ao invés de “farpas”. Quando a personagem volta ao ccastelo da Fera percebe-o modificado.
Após este momento, Bela de igual para igual com a Fera tornou-se confiante depositada de uma auto- estima cada vez maior sendo assim assertiva.
Mas observo que este pensamento e atitudes que Bela identifica no marido, a Fera, já era de se esperar, pois na situação de Co- dependente, qualquer atitude de amor é de grande valia colocando qualquer pessoa (que não seja ela, em primeiro lugar). Suma é a importância que tem as pessoas na vida dela.
A linda moça ao receber a visita das irmãs no castelo que vivia fica dividida entre a presença delas e o desamor da Fera para com as hóspedes. Com esta indecisão, a moça sente-se ansiosa e deprimida, pois vê na realidade que não poderá sempre agradar a todos.
Analisando de maneira atenta, constamos que as necessidades de Bela não foram atendidas em nenhum de seus relacionamentos significativos. O grau de responsabilidade que sentia em relação ao pai, e agora em relação ao marido é pouco saudável, mas ela parece estar emocionalmente paralisada, incapaz de mudar o seu comportamento.

A Co- dependência
Os Co- dependentes quase sempre são criados em famílias disfuncionais, onde absorvem métodos desaptativos de enfrentamento, que depois se transformam em padrões de relacionamento em sua vida adulta.
Apesar de colocar as necessidades dos outros antes das suas, estas pessoas confundem costumeiramente a vigilância compulsiva com compaixão. Constantemente estabelecem relacionamentos com viciados ou pessoas de alguma maneira desajustados e ficam tentando “consertar” o companheiro.
Os Co- dependentes são conhecidos como facilitadores porque eles podem facilitar um parceiro alcoólatra a continuar bebendo. E ironicamente, pode acontecer, no momento em que o parceiro “desajustado” abandonar seu comportamento disfuncional, o co- dependente ache difícil administrar a própria vida, tal é o seu empenho em viver a vida do outro. Com a grande doação de si e a dedicação depositada em alguém esquecem- se da própria vida.
Os co- dependentes confundem pena com amor e por isso mantém relacionamentos abusivos, já que temem que o parceiro não vá o sobreviver sem eles. Em sua cabeça interpretam o cuidado dado como atos generosos. Sua dedicação é tamanha que comprometem as próprias necessidades, sentimentos, e integridade para evitar a raiva ou a rejeição, deixando que o outro faça dele o que quiser. Um sentimento de controle surge em cena fazendo com que o co- dependente usa a vigilância afim de controlar seus parceiros.
O co- dependente normalmente alimenta a crença que se “consertar” a pessoa estimada, esse ficará dominado pelo amor e pela gratidão e que agindo assim o parceiro nunca irá abandoná- lo.
O abandono é maior medo da maioria dos co- dependentes. Preferem manter um relacionamento patológico a arriscar-se mesmo que o afastamento do parceiro resultasse em uma estabilidade emocional maior em longo prazo.

O tratamento
A Co- dependência  é um comportamento adquirido/  aprendido. Na maioria dos casos para o indivíduo recuperar-se faz- se necessário romper o relacionamento patológico para curar-se.
No caso de Bela, se aceitar a proposta de um tratamento seria prudente que vivesse temporariamente afastada da Fera internando-se em um centro de tratamento, ou se não, seguir os passos do Co- dependentes Anônimos participando de alguns encontros.
É na infância que o comportamento co- dependente é desenvolvido, onde estes indivíduos apresentam um alto nível de tolerância a comportamentos patológicos, agressivos e inapropriados. Pessoas que cresceram com a desorganização ou maus-tratos em suas famílias sentem-se familiarizados com estes tipos de “maus-tratos” a si, fazendo com que na “adultice” percebam relacionamentos saudáveis como aversivos à sua criação, à sua natureza, enfim e ao seu mundo.
Dificilmente buscam tratamento, pois para eles tais círculos e padrões de relacionamento aparentam normais para ele.
Caso desejem o tratamento correto e recebam o apoio adequado é possível que os co-dependentes desenvolvam relacionamentos saudáveis e parcerias que lhe causem prazer, e não submissão.
Abaixo são descritos sinais costumeiros vistos em Co- dependetes. Verifique se você ou alguém próximo se enquadra:
  • Considerar-se e sentir-se responsável por outra(s) pessoas(s) – pelos sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até pelo destino dessa(s) pessoa(s).
  • Sentir ansiedade, pena e culpa quando a outra pessoa tem um problema.
  • Sentir-se compelido – quase forçado – a ajudar aquela pessoa a resolver o problema, seja dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo uma série de sugestões ou equilibrando emoções.
  • Ter raiva quando sua ajuda não é eficiente.
  • Comprometer-se demais.
  • Culpar outras pessoas pela situação em que ele mesmo está.
  • Dizer que outras pessoas fazem com que se sinta da maneira que se sente.
  • Achar que a outra pessoa o está levando à loucura.
  • Sentir raiva, sentir- se vítima, achar que está sendo usado e que não senta sendo apreciado.
  • Achar que não é bom o bastante.
  • Contentar-se apenas em ser necessário a outros.
A busca pela ajuda psicológica é um caminho e o primeiro passo para o desenvolvimento pessoal. Dificilmente um co- dependente conseguirá cessar os sintomas sem uma ajuda.
Os efeitos dos comportamentos de co- dependência são danosos, e ainda mais o sofrimento que a pessoa dependente sofre. É necessária uma busca por si e adentrar na profundidade dos sentimentos para depois ter as rédeas das situações. O co- dependente que não busca ajuda continuará a cometer os mesmo erros trazendo para o seu viver grande empobrecimento existencial.

Sugestão para leitura:  "Co-dependência nunca mais" de Melody Beattie.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Entendo a Psicossomática




       Nos dias atuais tem se percebido cada fez mais o uso do termo Psicossomática ou doença psicossomática tanto por áreas da Psicologia quanto demais áreas da saúde como a Enfermagem e a Medicina.
Gosto de utilizar exemplos claros e uma terminologia mais acessível a todos, pois compreendo que alguns conceitos não são bem explanados e talvez não ocorra o entendimento a quem não pertence ao ramo da Psicologia. O meu foco desde minha formação é acessibilizar a Psicologia a todos, trabalhando não para meu colegas, mas sim para as todas as pessoas que buscam o entendimento da Psicologia ou ajuda através dela e de mim.
Vamos analisar juntos a palavra “psicossomática”. Psico vem de psique = mente, soma provém do grego significando corpo. Se analisarmos por outro entendimento do signo soma ou somática poderemos entender a somatização. E somatização o que remete a você? SOMA! Logo a Psicossomatização é a soma de materiais internos não trabalhados que não encontram uma maneira clara de mostrar a pessoa que algo dentro da mente dela está errado. Então, ao invés de mandar uma mensagem mental, manda pela via física atentando “você não está bem, será preciso ser reavaliada certas coisas”.
Que coisas são essas? Explicitarei após um exemplo.
Márcia encontrava-se em um emprego que lhe causava muito estresse e frustração Estresse porque era muito cobrada, frustração porque não era o emprego de seus sonhos. Não podendo sair deste trabalho começou a sentir fortes cólicas pré período menstrual, tão fortes que ia em um hospital e os médicos prescreviam medicação intravenosa. E mesmo assim com nenhum desses remédios as fortes cólicas não passavam. Foi feito um “inquérito” para descoberta da causa. Foi então dada uma hipótese diagnosticada Endometriose. Variados exames foram feitos e nada constava de malefício. Após alguns meses sem poder trabalhar, já que por vários atestados, decidiu pedir demissão, antes que fosse demitida por tanta ausência via atestados médicos. Após um mês da saída do emprego e pensando em uma recolocação profissional, as fortes cólicas sumiram como num passe de mágica.
Esta é a psicossomatização. O que a nossa mente não consegue trabalhar, o nosso corpo sente e paga!
Quem não vivenciou uma somatização, com certeza já pode ter ouvido algum conhecido falar “sinto um mau tal, vou a um médico, faço exames, mas ‘nada consta’” não é mesmo? Trilhando essa linha de raciocínio é mais fácil de entender as psicossomatizações.
As doenças psicossomáticas são provenientes de um conflito emocional passado para o corpo. São doenças relacionadas à psique e não ao corpo, que dentro de um exame não aparece, somente sentindo em seu corpo os sinais de alguma doença que parece ser física/ orgânica/ biológica.
Muitos casos são vistos comumente tais como Alopécia, Endometriose, gastrite, rinite, entre outros males.
Nem sempre os sintomas são mascarados, e eles realmente se mostram fisicamente, mas sem motivo da causa.
Dependendo do caso, os sintomas podem ser cessados ou diminuídos com uma intervenção medicamentosa, mas logo eles voltam, e novamente os médicos tentam ajudar o paciente de todas as formas.


Uma doença psicossomática não é equivalente da pessoa “reclamar” sem sentido, o indivíduo realmente sofre, e também não significa que a doença não existe. Muito pelo contrário, ela existe sim, mas a causa não é física, mas sim emocional, uma doença do espírito.
De caso para caso alguns sintomas são evidentes no corpo, outros não, mas todos com um grau de sofrimento tal para o sujeito.
Médicos mais atentos a tais acontecimentos encaminham para um especialista como um Psicólogo. O que vemos cada vez mais ocorrer é a prática multidisciplinar, onde Medicina, Psicologia e tantas outras áreas da saúde trabalham em conjunto em favor única e exclusivamente do bem estar da pessoa.
Dica: se você apresenta algum sintoma que não possui caracterização de doença física adentre para os motivos possíveis das enfermidades que você possa vir apresentando. Se coloque na posição de analista: interprete o que tem. Tente buscar no fundo de sua alma o que vem lhe causando conflito, sofrimento, angústia e desprazer. Entenda a si! Lembre-se você sempre foi e sempre será o seu maior e melhor amigo.

Felicidade a todos!

Post dedicado a Simone

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O que é e como lidar com a Depressão



Pensemos primeiramente na palavra “depressão”. Depressão significa aquilo que cai, aquilo que é o signo oposto do que se eleva. Ex.: depressão do Ebro.

Todos nós, seres humanos passamos por altos e baixos em nossas vidas de maneira que nem sempre podemos falar que estamos somente bem.

Como sair de um emprego. Por um momento ficamos deprimidos pelo motivo real, mas logo percebemos novas perspectivas e oportunidades, como uma recolocação profissional.

O que difere a depressão patologia de alguma vivência depressiva é que enquanto doença esta apresenta um rebaixamento de um dos neurotransmissores fundamentais do humor, que é a Serotonina.

Ele é tão importante que o rebaixamento deste produto químico cerebral resulta no aparecimento de alguns sintomas: insônia, inquietação, irritabilidade (principalmente ao amanhecer), perda do apetite sexual, sensação de morte, visão pessimista do futuro, sentimentos de culpa, ansiedade, dificuldade de concentração, ideias de morte ou desejo velado de suicídio, inapetência ou fome exagerada e, consequentemente, perda ou aumento de peso, distúrbios gastrointestinais, medos generalizados, e, o mais importante, a tristeza severa.

Tipicamente percebemos este rebaixamento não necessariamente quando estamos acometidos pela doença Depressão. Tal é como quando ingerimos bebidas alcóolicas onde percebemos alguns sintomas típicos da depressão, só que este estado depressivo neuroqímico se mostra momentaneamente.

Ocorre assim: antes de bebermos, nosso cérebro diariamente apresenta um número “x” de neurotransmissores, portanto estamos emocionalmente lineares. Trabalhamos, estudamos, estamos ativos e com o humor equilibrado. Após a ingestão de bebida alcóolica este número “x” de Serotonina diária é elevado, pois a bebida faz que sintamos euforia e automaticamente uma grande sensação de prazer e bem-estar. Lógico, bem maior do que quando não ocorre a ingestão de tais drogas.

No outro dia, devido à descarga elevada da Serotonina do dia anterior, nos sentimos aparentemente fracos fisicamente, tal se faz em função da alta descarga deste neurotransmissor e a posterior diminuição por ter excedido o seu uso. Percebemos que demora certo tempo para nos equilibrarmos normalmente o que chamamos convencionalmente de ressaca.
Após um tempo e com uma alimentação e repouso adequados o cérebro repõe as serotoninas, então novamente equilibrados cerebralmente e quimicamente repostos ocorre a reposição e a linearidade serotoninérgica.

Imagine agora você com esta sensação de desânimo da ressaca duplamente mais eficaz/ elevada, e por um período maior. Esta é a sensação de quem sofre de depressão.

Engana-se quem pensa que está livre de sofrer deste mal. A depressão provém de uma disfunção cerebral causada seja pela genética, seja por alguma circunstância de nossa vida em que nos sentimos depressivos ou “depreciados”.

Há que se entender e diferenciar o que é uma vivência que causa prejuízo emocional proveniente de uma situação circunstancial e do que é de algo prolongado e caracterizado como patologia.

A depressão é uma doença que prejudica a vida emocional do indivíduo, seu corpo e seu pensamento. Ela desempenha altos prejuízos tanto na vida pessoal quanto na profissional, social e conjugal.

O tempo da depressão não existe, podendo perdurar em anos ou meses dependendo do grau da doença afetada e da busca pela ajuda.

Esta ajuda se faz seja por meio de atendimento psicológico, seja por meio de uma ajuda médica, dependendo do caso. Mas sabe- se que quanto mais cedo o tratamento iniciar, menos tempo o sofrimento perdurará, e melhor será o prognóstico. Além disto, o recomendado é a ajuda Inter profissional, ou seja, a mescla da ajuda tanto medicamentosa quanto psicológica.

Em muitos casos a ajuda de um nutricionista também se torna eficaz.

Quando buscar ajuda?

O aconselhável é que não passando os sintomas no período de três semanas, a pessoa e seus conhecidos deverão buscar ajuda e informação de por intermédio de profissionais preparados.

Os tipos de depressão deverão ser diagnosticados pelos profissionais competentes para tal.

Existem variados tipos tais como a Distmia e a Depressão maior.

A Distimia nada mais é que quando o humor da pessoa manifesta-se oscilante, porém não tão severa, o individuo consegue encarar as obrigações do dia-a-dia comumente.

Já a Depressão maior, podemos assim dizer como sendo oposta à Distimia, pois além de ser caracterizada por todos os sintomas, o sujeito encontra-se debilitado e poderá ser recomendada uma internação, pois por ser mais severa, o sujeito encontra-se em um extremo abandono de si e alguns comportamentos como não cuidar de sua higiene pessoal e ideações suicidas serem frequentes.

Atento para a possibilidade de internação quando não há por perto uma estrutura familiar e profissional adequada, e que nem todo individuo acometido pela Depressão deverá ser internado.

O que fazer?

A ajuda e o guia de um profissional é de suma importância para os passos seguintes.

Se há intervenção medicamentosa ter a habilidade da espera, já que comumente os antidepressivos demoram um tempo para surtir efeito no organismo. Dependendo, na primeira semana de uso não haverá resultado quase que algum.

Segundo: estes medicamentos não podem ser usados com bebidas alcóolicas ou outras drogas que causam efeito na consciência.

Importante salientar que todo tratamento haverá de ter começo, meio e fim. Parar ou ausentar o tratamento perderá todos os esforços passados.

Exercícios físicos são grandes beneficiadores do corpo e da mente. Não necessariamente deverá ser uma academia, poderá ser uma caminhada leve. Toda atividade física não traz somente recursos ao externo, mas cria o aumento de Serotonina no cérebro, o que libera a mensagem em nosso organismo de prazer e satisfação.

No momento dos recursos desenvolvidos na cura de quaisquer patologias mentais, decisões importantes não deverão ser tomadas, tais como separação, mudança de carreira, ou qualquer decisão decidida naquele momento que acarretará benefícios ou malefícios em longo prazo.

Lembre-se toda decisão há com ela consequências que podem ser evitadas quando se está enfermo.

O doente seja físico ou mental está frágil e precisará repensar atitudes e pensamentos sobre si e sobre o outro.

Não julguemos. O paciente que nele há um quadro depressivo não é fraco, já que as impossibilidades da vida ocorrem para todos só que em graus distintos. Saber lidar com as diferenças, em especial das dificuldades que cada um apresenta ao longo da vida é uma grande sabedoria que deverá ser desenvolvida ao longo de nossa vida e fazendo-nos utilizarmos da maturidade emocional.

Percebo não somente no meu meio social, mas também na minha prática clínica é que a maioria das pessoas que são sustentadas por um quadro depressivo é um alguém cujas regras que desempenham em sua vida são prejudiciais a si.

O que tento explicitar em minhas palavras é: a pessoa que sujeitou- se a realizar os desejos de outrem normalmente dizem NÃO a si mesmos.

A pessoa que se acostuma o só dizer sim para o outro, consciente ou inconscientemente tente a querer receber em troca o sim do outro, e quando isto não acontece, a pessoa se frustra e acaba por adoecer.

Lembro que a depressão vem com uma sinalização de “estou cansado da vida e das pessoas”.

Saber lidar com o amor que damos e recebemos é um passo importante e comum a todos que querem ser felizes.

O amor vem de dentro, deve ser oferecido sem esperas de recompensa. O amor dado ao outro não poderá ser sentido por este outro. Só a pessoa que dá pode senti-lo. E isto ocorre é com todos!

Nessa mesma linha de raciocínio podemos concluir que “o que é do outro é do outro e não meu”.

Se eu deposito amor ou ódio por alguém este sentimento restringirá ao meu sentir, não ao sentir do outro.

O permanente são atitudes e concretizações. Os sentimentos por sê- los abstratos, não poderão ser sentidos a quem damos, mas somente nós mesmos sentiremos.

A desesperança acontece no momento em que depositamos “nossas fichas” no outro, o que não está correto, pois a autonomia é necessária a qualquer ser humano. O viver está baseado na liberdade de decidir, e toda decisão, a consequência surgirá.

A consciência de si e o entendimento da vida são baseados no conhecimento do que fazemos e do que fizemos, da onde viemos e do que queremos. Quando tais aspectos encontram-se deturbados é a hora de repensar valores e sentimentos.

Em resumo, a depressão é o que cai. Então para não cair, eleve-se! Mantenha o hábito de sorrir e pensar em coisas positivas e que te fazem melhor, mais feliz, mais pleno. Buscar fontes de alegria e esquecer-se de uma vida cinza.

Compreendo perfeitamente que a pessoa deprimida não consegue no auge da sua “depreciação” pensar em sorrisos, risos, pois no fundo sente- se não merecedora destas situações de alegria.

Um bom começo é relembrar do que em algum momento da tua vida te fazia sorrir. 
Outra maneira de perceber a felicidade de viver é começar a observar os sorrisos à sua volta e as pessoas que nem mesmo você conhece e que passam por você, tentar entender o motivo de quem você vê na rua sorrindo. 
Muitas vezes pensamos que não há momento para alegria e felicidade, mas todos nós temos a certeza da felicidade, daquela que já encontramos e esquecemos por aí, ou daquela que ainda não resgatamos, mas que pertence a nós e está perambulando em algum lugar do planeta.

Retome-a ou conquiste-a. Ela existe, basta você saber como trilhar o caminho do pote do ouro!