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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cavalaria da PM realiza gratuitamente


Cavalaria da PM realiza gratuitamente
equoterapia para a comunidade carente

Terapia voluntária
proporciona autoconfiança,
independência, socialização
e orientação espacial
ma vez nós falamos para a
mãe de uma menina com
síndrome de Down que a
criança podia fazer ‘isso’. Essa mãe passou
a chorar de tal maneira e desabafou:
‘Passei 12 anos da minha vida ouvindo o
que a minha filha não podia fazer. É a
primeira vez que escuto o que ela
pode’”, lembra, emocionada, a fonoaudióloga
Lenora Canini Ávila, que, com
outros profissionais da saúde, atua
voluntariamente com policiais militares
no trabalho social de equoterapia desenvolvido
há 14 anos pelo Regimento de
Cavalaria 9 de Julho, da Polícia Militar.
Crianças e adultos paraplégicos –
com síndromes de diferentes naturezas
(Down, Pett, West, Asperger e Noonan),
autistas, portadores de deficiência auditiva
e vítimas de paralisia cerebral – participam
durante um ano da atividade.
Montam em animais de meia tonelada e
conseguem mudar sua perspectiva social.
“Muitos de nossos praticantes chegam
em cadeira de rodas, acostumados a ver
tudo por baixo; quando montam, passam
a enxergar o mundo de cima, o que
causa uma sensação de poder”, enfatiza
Lenora.
A equoterapia desenvolvida na Cavalaria
da PM conta com o trabalho voluntário
de fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
psicólogos e pedagogos. Essa atuação
conjunta proporciona nova forma de
tratamento das deficiências, para desenvolver
equilíbrio, coordenação motora,
fortalecer o tônus muscular, proporcionar
autoconfiança, independência, socialização,
orientação espacial, raciocínio, entre
outros aspectos da reabilitação física, psíquica
e social.
Além do picadeiro – Todas as
segundas e terças-feiras à tarde, 20 praticantes
chegam ao Regimento de Cavalaria,
no centro da capital, e seguem direto
para o picadeiro de 20 metros por 60
metros. Montados a cavalo, são acompanhados
pelos terapeutas e por um policial
condutor do animal. A ansiedade toma
conta do grupo, enquanto todos esperam
o picadeiro se abrir, para começar os
30 minutos do tratamento, que mais
parece uma brincadeira.
Lena Maria Ribeiro conta que o filho
não faltou um único dia do tratamento,
nem no inverno. “O Alan adora! Na véspera
da aula, fica se preparando, vai até
a geladeira, pega a cenourinha do cavalo
e arruma na sacolinha”. Um atraso na
fala fez a mãe de Alan Ribeiro, de 16
anos, procurar o projeto.
O trabalho vai além da montaria no
picadeiro. “Imitamos os sons dos animais,
como um cavalo que relincha e
outro que bate na porta da baia. Isso é
uma nova motivação”, ressalta a fonoaudióloga.
Esse é apenas um dos recursos terapêuticos
que a equoterapia proporciona.
A criatividade dos profissionais participantes
do projeto possibilita outros usos.
“Pode-se trabalhar Matemática a cavalo.
Tenho duas patas da frente, com duas
patas atrás, dois mais dois são quatro, eu
vou fazer contas com as patas do cavalo.
Uso as letras do adestramento que estão
pintadas no picadeiro para trabalhar
vocabulário”, exemplifica Lenora, que
atua na área há nove anos.
Marília Taufic
Da Assessoria de Imprensa da
Secretaria da Segurança Pública
600 pessoas
na fila de espera
O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Equoterapia do Regimento
da Cavalaria é o único órgão
estadual que proporciona o trabalho
gratuito à população carente. Os 40
pacientes atendidos anualmente devem
ter no mínimo 3 anos de idade.
São selecionados após triagem feita
pelos profissionais voluntários, que
avaliam exames e pedidos médicos
para o tratamento.
A lista de espera é de 600 pessoas,
que podem aguardar até cinco anos
para iniciar o tratamento. A bacharel
em Direito Ana Margarida Barros
Cordeiro, 28 anos, sofreu paralisia cerebral
quando criança e em 1997 testou
pela primeira vez a equoterapia.
Precisando dar lugar a outras pessoas
da fila, seus pais se esforçaram para
manter a terapia em clínicas particulares,
tratamento que pode custar mais
de R$ 5 mil ao ano.
Em 2007, Ana Margarida pôde voltar
à Cavalaria e acredita que, independentemente
dos custos monetários, a
diferença da equoterapia feita na PM é
marcante. “Aqui há mais entrega, o
pessoal dá o melhor de si para fazer
porque é um trabalho voluntário. É um
corpo de profissionais muito competentes”,
analisa.
Vinte minutos antes do atendimento,
os policiais dão aulas aos voluntários
para ampliarem seus conhecimentos
sobre equitação, um dos principais
requisitos para atuar na área de
equoterapia. Cinco cavalos dóceis e
afastados do policiamento são montados
pelos voluntários antes de receber
os praticantes. Segundo o comandante
do Regimento da Cavalaria 9 de Julho, o
major Walter Gomer Mota, esta é a
hora de aquecer o animal. “É o que
chamamos de tirar o gás do cavalo”.
Para o soldado Alexandre da Silva
Campos, condutor dos animais da
equoterapia desde 1993, é um orgulho
fazer um trabalho tão diferenciado
dentro da corporação. “A gente tem de
ter um pouco de dom para tratar essas
pessoas diferentes, e isso é Deus que dá.
Para nós, é imensa a alegria saber que
estamos conseguindo resgatar vidas”.
“U
A caminhada humana ocorre a
partir da seqüência de movimentos.
O homem transfere o peso de seu
corpo para o lado, vai para cima,
para a frente, para baixo e para trás.
Segundo Lenora Ávila, é exatamente
o mesmo movimento que o dorso do
cavalo faz quando dá o passo. “É
muito comum ouvirmos o relato de
pacientes paraplégicos que montam
a cavalo: ‘Nossa, parece que eu estou
andando novamente’”.
Meia hora em cima do animal
a passo lento equivale a aproximadamente
uma hora de caminhada,
o que pode ser muito cansativo
para pessoas com vida sedentária.
Contudo, é a partir de todo esse
esforço que ocorre a adequação
da postura.
“Quem está muito molinho
fica mais firme e quem está muito
firme relaxa e adapta-se à montaria.
Para a fisioterapia isso é maravilhoso.
A fonoaudiologia também
se beneficia porque, com a postura
boa, a pessoa fala e respira melhor,
aumentando sua auto-estima”, avalia
Lenora. “É ciência, mas parece
mágica”.
Superação – Ana Margarida está
andando normalmente, o garoto
Alan se sente menos tímido e já consegue
conversar com algumas pessoas.
Todos os participantes do trabalho
de equoterapia no Regimento
da Cavalaria presenciaram e fizeram
parte da superação das dificuldades
humanas, sempre apoiadas por uma
figura principal: o cavalo.
O major Walter reconhece a responsabilidade.
“Os grandes personagens
são os voluntários e os animais.
O Regimento é mero coadjuvante”,
salienta.
“É ciência, mas parece mágica”
A equoterapia atua em todos os aspectos da reabilitação física, psíquica e social
Meia hora em cima do cavalo equivale a aproximadamente uma hora de caminhada

FONTE: http://www.transformar.org/docs/EQUOTERAPIA.pdf