Umas
das poucas certezas da vida é a Morte. Tanto a nossa quanto a de pessoas
queridas.
Apesar
desta certeza nos dói quando alguém que gostamos se vai.
Quando
perdemos alguém choramos e com isso muitas das vezes surge certo pensamento de
que somos fracos. Não! Nada mais natural chorar e encarar uma readaptação da
falta desse alguém tão querido.
Algumas
etapas deste luto, desta perda poderão vir à tona seja em forma de negação,
seja em forma de crises de choro. Outros sentimentos podem emergir como o medo,
a raiva, a culpa e posteriormente a aceitação.
Como
lidamos perante a morte é algo subjetivo, ou seja, cada um sente de uma
maneira. Mas acima de tudo devemos andar lado a lado com a verdade sempre!
Tanto para nós quanto para outrem.
Muitas
vezes quando morre algum adulto próximo, a família omite à criança sua morte
pensando assim poupá-la. Em outras, os adultos por não saber lidar com a
situação trabalha a mente da criança contando fábulas como “ele/ ela virou estrela”
e por aí vai.
É
necessário explicar para criança a verdade, que a pessoa querida morreu, e se
possível levá-la ao ritual de despedida ao lado de alguém que esteja mais
estável emocionalmente explicando o que ocorre.
O
que é igual tanto para o adulto quanto para a criança é que devem vivenciar o
real, enfrentar a concretização desta perda, não criando ilusões acerca do
acontecimento.
Quanto
mais presente a vivência da verdade, menor tempo será o luto.
Outros
lutos também podem ser vivenciados. A
morte não representa somente a perda da vida do corpo, mas também o fim de
um relacionamento, entre outros tantos tipos de morte.
Ao
redor da pessoa que sofreu uma perda é necessária a conscientização de que ela
precisa extravasar tal sofrimento, seja em forma de conversa, seja na forma de
choro ou qualquer outra externalização deste sofrer. Quanto mais a pessoa
repreender o sofrimento mais tempo demorará em elaborar o luto.
Erroneamente
pensamos que quando a pessoa não chora ela está conseguindo “encarar” a perda
fortemente ou da melhor forma. Muito se engana quem pensa como tal. Pode
ocorrer uma aparente aceitação, mas o que observa- se em clínica é que muitas pessoas
nos (psicólogos) procuram quando não conseguem lidar com a situação da perda
porque não conseguem chorar, pôr para fora tantos sentimentos que ficaram
sedimentados pela aparente fortaleza, ou para “segurar” familiares e/ ou amigos
mais sensibilizados com a situação.
Não
só neste comportamento de negar ou reprimir o luto, observamos também a elaboração
da perda em outra circunstância da vida com outras diferentes pessoas e
situações, fazendo com que sentimentos reprimidos sejam deslocados em outro
tempo e com outras pessoas.
Exemplo:
Maria perdeu seu filho quando esse completava 6 meses de vida. Em seu funeral pouco
aparentou tristeza e choro, bem como nos meses decorrentes. Após o fim de seu
casamento tentou suicídio. Não aguentou a perda do marido.
Normalmente,
quando nega- se a morte de alguém a pessoa que nega terá em algum momento de
sua vida “enterrar” aquele sentimento
antes mascarado por diversos fatores que somente com algum tempo de terapia ou passar
por outros processos inerentes à vida,
a pessoa terá acesso desta explicação.
Aliados
da pessoa que perde deverão vigiar certas atitudes pós-morte de alguém próximo.
Se observar que a pessoa não está lidando “bem” com o processo poderá buscar
ajuda psicológica. Em casos mais específicos de trauma, a ajuda de um médico se
faz eficaz.
Algumas
religiões orientam que não se pode chorar pelo morto, mas sabemos pensando
psicologicamente, que é necessário o choro e qualquer externalização deste
sofrimento que é duro para todos!
O
tempo é outro fator preponderante para a solução do luto. Permitir que a pessoa
que perdeu vivenciar seu próprio tempo não
estipulando limite para tal. Então, se a pessoa que sofre se nega a se desfazer
de pertences do falecido, deixe, pois é necessário para aquela pessoa como
singularidade não se desfazer naquele momento dos objetos da pessoa
amada que se foi.
A
culpa sendo uma das etapas do luto pode surgir de maneira explícita como “não
deveria ter brigado com ele da ultima vez que o vi”. Lembro que tais rumores
não se fazem necessário, já que toda relação
há contratempos e todo envolvimento humano poderá ocorrer desentendimentos
por algum conflito.
A
morte é um processo inevitável e somente o grandioso poder da Vida poderá
escolher tal momento. Nós seres humanos somos pequeninos diante da sabedoria da
Vida. Devemos estar preparados para lidar com situações inevitáveis, ficando
fortalecidos conosco a partir da filosofia de Vida de cada um.
A
melhor maneira (ou a menos pior) para lidar com a morte, seja a fim de um
relacionamento ou seja a morte propriamente dita (a física) é relembrar
momentos bons em que esteve com a pessoa e o quanto ela lhe fui útil para
passar uma mensagem diferente em sua vida.
Perdoe
qualquer desentendimento por parte do morto ou do seu por ele. Perdoar-se é o primeiro passo para o perdão
do outro.
Faça
as passes com o passado e pense num futuro pleno, não esquecendo que o presente
merece atenção, pois é nele que temos acesso da modificação de algo que não
está fluindo bem ou pensar na melhoria de algo que está sendo bom.
Sugestão de
leitura:
- Sobre a morte e o morrer (Elisabeth Kubler-Ross)
- Escritos sobre a guerra e a morte (Sigmund Freud)
- Além do Princípio do prazer – Obras completas Vol. 18 (Sigmund Freud)