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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Xô lixo! Pensando em uma limpeza interior

Por diversas vezes em nossos lares percebemos que existe uma “amontoado” de coisas que não mais precisamos. Objetos antigos sem uso algum, e outros que por estarem lá não conseguimos nos desprender e não conseguimos joga-los fora.
A nossa casa nada mais é que uma expansão da nossa vida interna. Essa mesma percepção de que possuímos coisas que não mais precisamos e/ ou não mais utilizamos em nossos lares, equivale também em nossa vida mental.
Possuímos em nossa vida muitos sentimentos de “amarras” que nada mais são que mágoas, ressentimentos, posturas rígidas e formas fechadas para não deixarmos entrar realmente valores que nos inspirem a encarar o nosso dia-a-dia de forma melhor, de forma mais prazerosa e plena. Amarras que nos impedem muitas vezes de abrir a porta para o novo, para novas possibilidades.
O medo também é um “objeto” altamente corrosivo. Por vezes ele nos impede de atacarmos oportunidades maiores e melhores em nossas vidas, e mais além destrói sonhos e planos.
A atitude frente a isso é questionarmos por um momento “Por que e de que adiantará guardarmos tudo isso?”
O cuidado com nossa morada material deve ser igual a vigilância da nossa morada interior. O lixo que jogamos fora todos os dias de nossa casa, assim deve ser também com o lixo que insistimos em nos desfazermos em nossa vida sentimental.
A renovação interna acontece quando percebemos que o que guardamos não nos está nos fazendo bem, e muitas vezes nos impede de atingirmos outras evoluções, outras etapas de nossas vidas.
Comecemos hoje! Agora! Observe de verdade o que na sua vida lhe faz sentido e o que poderá ser descartado: rancores, ódios, insatisfação, desanimo, tudo isso escurece nossa alma. Livrando-nos desses pesos sentiremos o ar fresco e a sensação de renovação bem como arrumamos aquele guarda-roupa cheio de quinquilharias.
Faça um teste, apenas tente, e veremos o que está por vir ;)
 Um grande abraço, Raquel Freire.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A água da Loucura



Um poderoso feiticeiro querendo destruir um reino, colocou uma poção mágica no poço onde todos os seus habitantes bebiam. Quem tomasse aquela água, ficaria louco.

Na manhã seguinte, a população inteira bebeu, e todos enlouqueceram. O rei – que tinha um poço só para si e sua família, onde o feiticeiro não conseguira entrar – tentou controlar a população. Baixou uma série de medidas de segurança e saúde pública, mas não havia mais policiais ou inspetores, pois eles também haviam bebido a água envenenada.

Quando os habitantes daquele reino tomaram conhecimento dos decretos, ficaram convencidos de que o rei enlouquecera, e agora estava escrevendo coisas sem sentido. Aos gritos, foram até o castelo e exigiram que renunciasse à coroa.

Desesperado, o rei prontificou-se a deixar o trono, mas a rainha o impediu, dizendo: “vamos agora até a fonte, e beberemos também. Assim, ficaremos iguais a eles”.

E assim foi feito: o rei e a rainha beberam a água da loucura, e começaram imediatamente a dizer coisas sem sentido. Na mesma hora, os seus súditos se arrependeram: agora que o rei estava mostrando tanta sabedoria, por que não deixá-lo governando o país?

O país continuou em calma, embora seus habitantes se comportassem de maneira muito diferente de seus vizinhos. E o rei pode governar até o final dos seus dias.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Inserção de profissionais da Psicologia nas redes públicas de educação básica


O projeto de Lei 3688/2000, que prevê a inserção de profissionais da Psicologia e do Serviço Social na rede pública de educação básica, foi aprovado por unanimidade na manhã desta quarta-feira (10) pela Comissão de Educação (CE) da Câmara dos Deputados.
Na semana passada, houve um impasse durante a votação na CE por conta do empate de dez votos a favor e dez contra o projeto. Nesta quarta, foi realizada nova votação, após a relatora ter refeito o relatório, que não alterou a essência do PL.
psicologia-na-educacao-1 (2)“É uma vitória porque a Comissão de Educação reconhece a contribuição que a Psicologia e o Serviço Social têm dado e podem dar ainda com mais intensidade para a garantia do direito à educação de crianças e adolescentes brasileiros”, comemora o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Humberto Verona.
De acordo com o conselheiro do CFP, Celso Tondin, a participação da (o) psicóloga (o) será regulamentada em uma perspectiva institucional que contemple a atuação nas políticas públicas de educação, sob uma ótica participativa, envolvendo estudantes, professores, famílias e comunidade, superando a noção das práticas clínicas que culpabilizam os indivíduos. Tondin destacou ainda a fundamental participação e contribuição da relatora do PL, Deputada Keiko Ota, no processo.
O projeto segue agora para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e depois para o plenário da Casa.


Mobilização
Diversos profissionais  e estudantes estiveram presentes em todas as sessões e audiências públicas que discutiram o PL na CE e também participaram enviando grande quantidade de manifestos aos Deputados.
A mobilização contou com a intensa atuação conjunta do CFP, do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) e da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP).

Fonte: http://site.cfp.org.br/vitoria-para-a-psicologia/

domingo, 23 de junho de 2013

Glenn Close na luta contra o stigma dos Transtornos Mentais

A atriz Glenn Close há tempos vem movimentando causas contra a stigmatização das Doenças Mentais, e recentemente fundou uma ONG chamada "Bring Change 2 Mind" ("Traga mudanças à mente"). Sua preocupação quanto à área vem desde problemas inseridos na família como as diversas tentativas de suicídio de sua irmã, diagnosticada com transtorno bipolar, e o sobrinho diagnosticado com transtorno esquizoafetivo.

A atriz está inserida em uma família com diversos casos de transtornos psiquiátricos, e a prevalência é alta. Apesar do componente genético, não possui nenhuma dessas doenças.

Seu movimento visa a quebra dos estigmas e preconceitos com relação aos doentes mentais, além de oferecer informações e apoio a famílias que bem como ela possuem casos de doenças mentais severas.

O presidente Barak Obama também mostra- se engajado no que diz respeito à causa pedindo o auxílio de especialistas da área de doenças mentais e de atores de Holywood a fim de criar estratégias de divulgação e conscientização sobre o assunto.

Desde Outubro a Campanha de Glenn ganha força e possui mais de 6.000 pessoas que acompanham a campanha no Facebook.

Suas palavras são: “Como atriz, tenho consciência aguda do poder das palavras e do quanto elas podem ser assustadoras. Espero que pelo fato de proferir palavras como bipolar, esquizofrenia, depressão, elas percam seu poder de meter medo e se tornem simplesmente parte de nossa condição humana, não diferentes de qualquer outra doença.”


Para conhecer mais sobre: (http://www.bringchange2mind.org/)
Outras fontes:




 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Estudo mostra benefícios da linha Atendimentos Psicológicos On Line

Em Espanha, as ciberconsultas estão a ganhar terreno: os pacientes têm entre 15 e 45 anos e querem resolver conflitos específicos

Estudo revela benefícios de terapias psicológicas on-line
As pessoas podem ficar no anonimato, sem necessidade de percorrer longas distâncias para falar com o seu terapeuta, em média, 50% mais baratas e mental, profissionais de saúde, resultando em um banco de dados inédito no país para descobrir quais as questões que mais afetam a população.

É sábado à tarde e uma mulher conversando animadamente na frente do seu computador com webcam em directo sobre os problemas que você teve com o seu parceiro, que têm um pouco deprimido. Do outro lado do PC seu psicólogo, que vive em outra região aconselhados a não tomar decisões precipitadas e avaliar as razões para brigas conjugais. Esta mulher está no meio de sua terapia psicológica on-line de costume.

Esta imagem, que há 10 anos atrás teria sido catalogado futurista, hoje é uma realidade em nosso país. Tanto é assim que a Escola de Psicologia da UNIACC realizou um estudo sobre as vantagens e desvantagens deste tipo de cuidados terapêuticos internet mediada.

Menos distância
Segundo a psicóloga Ana Paula Silva, autor da pesquisa, um dos benefícios mais óbvios de maior acessibilidade é ciberterapias especialistas. A rede "reduz a distância entre o paciente eo psicólogo, é mais barato, porque não há combustível ou estacionamento custos e economia de tempo de viagem."

Ele também permite que as pessoas com deficiência, que vivem longe dos centros urbanos ou têm alguma dificuldade em sair de suas casas, receber aconselhamento. "Por exemplo, um paciente que tem lugares públicos agorafobia com fobia pode ser tratada em linha e ser o primeiro passo para tratamento facial. Psicoterapias on-line podem ser complementares ao tradicional", diz Edward Corsi, diretor de pesquisa Faculdade de Psicologia UNIACC.

Segundo estudo UNIACC, há os problemas psicológicos a serem tratadas melhor diagnóstico através da rede, por exemplo, trabalhar com fobias e assertividade. "Conflitos de parceiro, sexo, família e questões adolescentes, como ADHD, métodos de estudo e desempenho acadêmico mostrar bons resultados psicoterapia online", diz Edward Corsi.

No entanto, a depressão grave ou distúrbios mais complexos como de personalidade borderline geralmente não recomendado para estas terapias, dada a dificuldade de avaliar on-line, por exemplo, o risco de suicídio.

Atenção anônimo
Por outro lado, o psicólogo psicólogo 2.0, Marc Martinez, explica que a psicoterapia através da Internet permite que as pessoas devem ser tratadas de forma anônima se preferir, o que leva as pessoas relutam em ir a um psicólogo por medo de ser discriminados.

"A comunicação mediada por computador, diz Corsi, permite que as pessoas se comuniquem coisas pessoais mais fácil do que cara a terapia face. Pacientes confessa rapidamente o motivo da consulta e do psicólogo, ao mesmo tempo, você pode controlar melhor a evolução da pessoa com contato regular através de e-mail ".

Analisando o estudo de cenários
Uma limitação que existe na Espanha para estudar a prevalência de problemas psicológicos é a falta de uma coleta de dados eficiente dos pacientes que procuram atendimento. "Mas com as terapias on-line do sistema, diz o psicólogo Edward Corsi, especialistas acompanhar automaticamente seus pacientes na rede, o que gera um grande banco de dados, que pode ser usado para a pesquisa na área."

O especialista acrescenta que este sistema permite um controlo eficaz dos pacientes após a conclusão do tratamento, o que não ocorre com as terapias de face. "Isso pode ser feito, portanto, a prevenção psicológica". Outra vantagem deste tipo de atendimento é o acesso a um maior número de pacientes. O psicólogo Marc Martinez explica que através de internet as pessoas de outras regiões da Espanha e outros países podem acessar sem problemas consultas psicológicas.

Psicoterapia on-line
Por favor, note Terapia on-line (Online), a terapia é realizada remotamente, seja via chat, skype, e-mail, nunca em pessoa. A eficácia é equivalente ao tipo de cara.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Abra o coração para a VIDA!

Assista ao vídeo e relembre: O que você queria ser quando crescesse?



segunda-feira, 27 de maio de 2013

A ARTE E O EU

A arte tem uma capacidade estrondosa? De dar vazão aos conteúdos internos sendo demonstrados de maneira externa mais simples, pois é livre. Constantemente existe uma guerra interna entre o que podemos demonstrar e o que não. O nosso autocontrole prejudica em parte a liberação da emoção. Chega um período que nossas demonstrações de sentimentos e emoções se mostram de maneiras não autênticas, ficando até mesmo sendo passadas ao outro de forma pesada, não leve, como deveria ser.

Ocorre que nos sentimos vigiados pelo outro e por nós mesmos a partir das nossas defesas e da nossa estrutura psíquica que age com o seguinte raciocínio o que eu posso demonstrar e o que não? Nosso inconsciente e o pré- consciente lutam a todo o momento pela preservação do eu, por isso muito do que é passada a consciência, externado ao mundo, aparece de forma transformada. Na arte isto é mais dissolvido, já que com a “desculpa” de ser algo artístico, o eu verdadeiro é mostrado.

Num mundo cheio de atribuições Deixamos de lado muitos prazeres. O prazer é tão fundamental a vida que não deveríamos deixar de lado a importância de gozarmos o que nos faz bem. A arte neste sentido tem papel primordial.

Quão o ser humano fica inundado de satisfação quando se apodera de alguma manifestação artística é escancarado no semblante de um dançarino que não só dança com o corpo, mas também como a alma. É tão lindo quando um intérprete realmente mostra o que a canção diz e sente com todos seus sentidos o que aquela letra quer passar. O expectador compartilha esta emoção tamanha que alguns artistas realmente tem o dom de passar ao seu publico.



 

O prazer que a arte proporciona é imensurável, sendo através dela que passamos a mensagem ao mundo do nosso interior mais sublime, aquele que está como realmente sentimos, e onde não necessitamos de máscaras.

 Se você acha que não possui nenhum vínculo pela criação de alguma obra seja qual for, então recomendo- lhe tirar uma horinha que seja do seu tempo para apreciar a arte feita por outra pessoa, seja indo a um cinema, a um teatro, um museu ou até mesmo através do seu computador verificando as músicas que estão sendo tocadas e que o mundo vem curtindo e aplaudindo. Talvez possa também revirar o baú dos discos, cds relembrando as antigas canções que fez parte da sua vida em diversos momentos.

Não se preocupe em dançar certo, vamos lá utilize uma música para se curtir. Nem mesmo os artistas tem noção do que criarão quando estão começando.

O importante não é o resultado, mas sim o caminho de percorrê-lo. O prazer que sentimos buscando- nos. O entendimento muitas das vezes não é o caminho, mas sim a busca por ele que te trará recompensas.

Fazer algo para si e deixar a critica dos outros faz toda diferença. Na verdade quando tendemos a querer criar algo que seja “bom” inibimos nossa capacidade criativa e perdemos o entusiasmo em continuar buscando o que nos faz bem. Poderá no começo encontrar certa dificuldade, já que não estando acostumado a fazer isto a todo o momento.

Não negue a opção de ser feliz e inclua no seu dia – a - dia pequenos prazeres. A rotina com certeza parecerá mais leve e você encontrará na vida o prazer de estar vivo. Não se esqueça de escrever um lembrete mental: “Eu não nasci para sobreviver, mas para viver!”.

A todos meus leitores desejo que vocês vivam plenamente esta semana! Um grande abraço.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Juramento do Psicólogo




Como Psicólogo, eu me comprometo a colocar minha profissão a serviço da
sociedade brasileira, pautando meu
trabalho nos princípios da qualidade
técnica e do rigor ético.
 
Por meio do meu exercício profissional,
contribuirei para o desenvolvimento da
psicologia como ciência e profissão na
direção das demandas da sociedade,
promovendo saúde e qualidade de vida
de cada sujeito e de todos os cidadãos e
instituições.



(Texto aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia)




terça-feira, 2 de abril de 2013

O Autismo



                                                                                                                                             
        O Autismo é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características fundamentais: Inabilidade para interagir socialmente;  Dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos; Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
Não existe somente um tipo de autismo. O que prepondera é o grau de comprometimento que é de intensidade variável. A maior gravidade se mostra quando o individuo se mostra incapacidade no relacionamento interpessoal.
Este transtorno se mostra característico de pessoas cuja problemática familiar se mostra ativa, condições psicológicas alteradas entre fatores genéticos e biológicos.
Os sintomas são apresentados em todas as camadas sociais tanto em meninos quanto em meninas, sendo mais recorrente no sexo masculino. São apresentados nos primeiros meses de vida. Estes sintomas são divididos em três grupos:
1) ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
2) o portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;
3) domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite aos portadores levar vida próxima do normal.
O diagnóstico é realizado a partir dos critérios do CID- 10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).
Por ser um distúrbio crônico o tratamento do Autismo deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar e individual, ouse já, para cada caso e para cada individuo deverá um tratamento ser adequado.
A família que possui um membro autista deverá buscar o equilíbrio psicológico e um eterno aprendizado em lidar com esta realidade.
Para cada individuo há um tipo de interação, portanto descobrir as maneiras que o autista lida melhor com aprendizados e maneiras de interação será benéfico para a melhora do quadro e sua adequação. Nesta linha de raciocínio alguns poderão apresentar melhores resultados em instituições que ofereçam em sua estrutura a inclusão de alunos, outros em instituições específicas e mais especializadas no que diz respeito a este distúrbio.
Apesar de apresentarem algumas dificuldades na aprendizagem podem apresentar grande empenho e mostrar características de genialidade em determinadas áreas do conhecimento.


terça-feira, 19 de março de 2013

Mentirosos de plantão: a Mitomania sendo encarada pela Psicologia

          
            Comecemos a distinguir a mentira “mentirinha” e a mentira patológica. Mentirinha são comuns no nosso dia-a-dia por alguma finalidade, por exemplo, “mãe, vou à padaria”, enquanto vai ao cinema com o namorado. Finalidade: você deseja que sua mãe fique sabendo que você vai à padaria e não namorar. Lógico que essa ida à padaria demorará pelo menos 1 hora e alguns muitos minutos!
Já a mentira de uma pessoa acometida pela Mitomania é totalmente diferente, há nas mentiras um requinte de detalhes bem maior que uma pessoa vez ou outra mente.
O Mitômano é o individuo que mente patologicamente, ou seja, constantemente. É a doença do mentir. Suas mentiras exercem finalidades de criar um mundo à parte, o seu próprio mundo. Um exemplo básico é “moro em um castelo na rua ‘x’ e tenho um Pit Bull”. Com o passar do tempo você verifica que a pessoa mora não em um castelo, mas sim em uma casa em um bairro tal e o Pit Pull que a pessoa falava ter não passa de um vira-lata.
E o que a pessoa mentirosa patológica ganha com isso? Pois bem, este sujeito encara sua realidade como sendo tão ruim que começa a criar mentiras para outras pessoas, chegando ao ponto de até mesmo acreditar nelas (nas próprias mentiras!).
A Vida de este ser que mente evidencia lacunas, as quais não conseguem ser completadas. É um vazio tão grande que começa a mentir, e na maioria dos casos, não veem um fim.
O PERFIL PSICOLÓGICO? Sentimentos de inferioridade percorrem sua estrutura, sente-se inseguro em diversas situações e áreas de sua vida, dificuldade de acreditar em si mesmo; sua auto- estima é decadente e analisa as limitações da vida como não existentes.
Quem são as vítimas dos mitômanos? Bem como as vítimas dos psicopatas: sempre aquelas que são ingênuas. Aquelas pessoas que creem no potencial melhor do ser humano e que acha que todos são legais até que provem o contrário.
Como lidar com uma pessoa que mente? O conselho que dou é fazer o mesmo jogo. Não necessariamente investir com mais mentiras, mas fingir que acredita na mentira da pessoa que conta. É perigoso argumentar com tais pessoas e até mesmo inútil, já que na maior parte a vida de quem mente dificilmente terá algum resquício real. Então finja que acredite e tente aos poucos se afastar desta pessoa.
Entra aí o Poder da Vida. Deixe que a Vida se encarregue de mostrar as respostas para esta pessoa. Saia da história antes que se machuque. Infelizmente em muitos casos na nossa vidinha temos que saber a hora de sair de algumas situações. Pense se vale todas as mentiras e dividir mentiras com um mitômano.
Boa sorte a todos e boa semana!
 

sábado, 16 de março de 2013

Uma reflexão para o final de semana: A raposa e as uvas


Bom dia Caros leitores!




Apesar de hoje não ser um dia de atualização do blog (normalmente publico os posts nas terças ou quartas-feiras de cada semana) desejo expor a vocês uma pequena reflexão.

 Objetivo tal, pois os dias de descanso podem ser encarados como uma leve pausa para a renovação de energias para a semana que virá.

            Hoje oferto a já muito conhecida fábula de Jean de La Fontaine "A Raposa e as uvas" escrita no século XVIII.

          Nas fontes que encontrei como aliadas contam que a presente fábula sofreu algumas variações ao longo do tempo, mas todas elas trazem consigo uma única mensagem.

         A história é de uma raposa que como muita foma avista cachos de deliciosas uvas penduradas em uma vinha. Seu insucesso por consegui-las foi tamanho que afastou- se do apreciado alimento. Logo segue seu caminho resmungando e dizendo que aquele fruto do seu desejo não servia para ela, pois estariam verdes e não apropriadas ao seu deleite.

         O tesouro que este fábula pode nos passar é que na vida por vezes inpecilhos são postos em nossos caminhos, mas por comodismo ou através renúncia da vitória em detrimento da luta diária e exaustiva nos afastou do que desejamos realmente. Por medo da frustração, renunciamos a possibilidade do sim e aceitamos o não como realidade.

        Tirando o foco do eu, podemos verificar esta mesma situação na vivência de outras pessoas, que fogem da vitória por medo da derrota.

        Tanto na nossa como na vida de outrém cabe lembrar que o tempo passa e que somos SENHORES DOS NOSSOS DESEJOS E DO NOSSO DESTINO.

        Vivamos sem deprezar aquilo que no fundo desejamos obter!

 

A Raposa e as Uvas

 
Contam que certa raposa,

andando muito esfaimada,

viu roxos maduros cachos

pendentes de alta latada.


De bom grado os trincaria,

mas sem lhes poder chegar,

disse: “estão verdes, não prestam,

só cães os podem tragar !”

 

Eis cai uma parra, quando

prosseguia seu caminho,

e crendo que era algum bago,

volta depressa o focinho.



Em outras palavras segundo variadas fontes da internet a respeito desta fábula:

Aqueles que são incapazes de atingir sua própria meta tendem a depreciá-la, para diminuir o peso de seu insucesso.”

“É fácil desprezar aquilo que não se pode alcançar.”

Ao não reconhecer e aceitar as próprias limitações, o vaidoso abre assim o caminho para sua infelicidade.”

Quem desdenha quer comprar”

Fontes:

· Google

· (Fábula de La Fontaine traduzida por Bocage. in: As Fábulas de La Fontaine, 3 vol., Ed. Pedagógica Brasileira, SP, s/d, p.48)


quarta-feira, 13 de março de 2013

Entendendo a Perversão e a Histeria a partir da análise de personagens literários


Neste blog pretendo apresentar aos meus leitores visões dinâmicas do que é a Psicologia. Um desejo talvez audacioso de escrever uma “Psicologia para leigos”. Saindo um pouco dessa "minha missão" intento nesta publicação apresentar um trabalho riquíssimo a respeito dos temas Perversão e Histeria.
Minha decisão por esta exposição é a de dismistificar um pouco da aparência do histérico. Costumeiramente remetemos à este quadro certos traços histriônicos (para maiores eclarecimentos acessar http://www.raquelfreirepsicologa.blogspot.com.br/2012/12/sobre-histeria-identificando-um_22.html ) o que muitas das vezes pode ser mascarados por comportamentos perversos, como no caso da ilustração literária que segue.
A autora, Aspásia Papazanakis, minha supervisora de estágio em Psicodiagnóstico Infantil na Universidade Paulista em São Paulo- campus Tatuapé no ano de 2010, conseguiu adentrar o universo cinematográfico/ literário fazendo uma análise altamente qualificada a respeito da Perversão e da Histeria ilustrando magnificamente os personagens do filme.
Brilhantemente a Prof. Mestre conseguiu no presente trabalho unir a perversão e a histeria analisando os personagens conseguindo distinguir quadros tão complexos de forma tão prática e de fácil entendimento.
Retrógrado este filme, tal como a obra literária (1782), podemos encontrar em outro filme mais atual sendo apresentado de forma sutil e sem tanta riqueza de detalhes no filme “Segundas Intenções”, o qual não passa de uma releitura de “Ligações Perigosas”.
Me veio à mente a exposição deste trabalho intentando mostrar o quão complexo é o diagnóstico da Histeria e da Perversão e como os dois por vezes se confundem. Para ser o mais simples possível a explicação do que seria uma estrutura clínica (e bem longe de explicitar teoricamente) seria um tipo de personalidade.
Desejo a vocês, meus queridos leitores, que apreciem este maravilhoso trabalho e se possível recorram ao filme para esclarecer maiores considerações.
Obs: alguns negritos foram meus onde achei necessário maior atenção.

“LIGAÇÕES PERIGOSAS” de Aspasia Papazanakis
     
   O presente trabalho pretende abordar o romance “Ligações Perigosas”, escrito em 1782 por Choderlos de Laclos (1741-1803), a partir de um enfoque psicanalítico na leitura de seus personagens. Como material para análise, utilizei-me do filme de Stephens Frears, que foi o que me motivou a desenvolver esse trabalho e que me fez buscar mais elementos no próprio livro. O romance é todo ele descrito através de cartas que os personagens enviam entre si, configurando e desenvolvendo dessa forma a trama central.
O romance descreve um certo tipo de relação entre seus personagens na qual todos os meios parecem ser lícitos para a obtenção de um prazer que se constitui, basicamente, no uso e na posse do outro. Interessa-nos aqui, investigar que motivos orientam esses personagens. 
As figuras centrais da trama são a Marquesa de Merteuil e o Visconde de Valmont, que constituem um par que se complementa harmonicamente, parecendo formar uma unidade indissolúvel que se compraz na sutil sedução daqueles a quem querem enredar. É um terceiro personagem, Mme. de Tourvel, mulher tida como esposa fiel e virtuosa, que vai por em risco essa unidade, quando Valmont se apaixona por ela. 
Neste trabalho enfoco, basicamente, estes três personagens, buscando referenciar teoricamente a natureza da relação que os une. Procurei ilustrar minhas análises a partir de frases extraídas do livro, que considerei pertinentes para tal finalidade. 

AS LIGAÇÕES... A HISTÓRIA
            A Marquesa de Merteuil e o Visconde de Valmont são ex-amantes e estão sob o juramento de não mais se relacionarem intimamente, mas mantêm uma intensa amizade calcada na cumplicidade.
O enredo se inicia quando a Marquesa propõe a Valmont “uma missão heróica”: desvirginar a jovem Cécile de Volanges, filha de sua prima. Cécile estava prometida ao Conde de Gércourt, um ex-amante da Marquesa, que anteriormente a havia abandonado por outra mulher. Coincidentemente, esta mulher, por sua vez, havia abandonado Valmont para se unir a Gércourt. Os dois traídos, Merteuil e Valmont, uniam-se, assim, para preparar a vingança. A Marquesa pede a Valmont que desvirgine a jovem Cécile. Esta seria a forma de afrontar e ultrajar Gércourt. Valmont, porém, se recusa à tarefa, por considerá-la fácil demais. Está interessado em outro objetivo, seduzir a bela e virtuosa Mme. de Tourvel, que recentemente conhecera na casa de campo de sua tia. “... Eis aí a fortaleza que ataco, eis o inimigo digno de mim, eis a meta que pretendo atingir” (carta IV). Mesmo assim, reafirma seu interesse pela Marquesa lamentando o juramento que os impedia de se relacionarem sexualmente: “... abjuro esse juramento feito num momento de desvario! Nós não seríamos dignos de o fazer se tivéssemos que guardá-lo”.(carta XV).  A Marquesa em resposta desafia-o. Diz que ele só a terá, se tiver sucesso na conquista de Mme. de Tourvel. Ardilosa, continua com seus planos. Apresenta Danceny, um jovem músico, à Cécile e dessa apresentação, nasce um intenso amor. Cécile, à qual a Marquesa fizera tê-la como confidente, confessa-lhe seu amor por Danceny. Frente à revelação, que correspondia a seus planos, a Marquesa finge-se surpresa e a repreende, pois como prometida em casamento, não deveria estar pensando em outro homem. Mesmo assim, propõe que manterá sigilo se ela puder ler todas as cartas que Cécile enviar a Danceny e a outras pessoas.
            Por sua vez, Valmont está no campo, na casa de sua tia Rosemonde, onde está hospedada Mme. de Tourvel. Esta, diante das investidas de Valmont, parece confusa, mas atraída. O idílio é interrompido quando Tourvel revela que vem recebendo cartas anônimas, prevenindo-a do caráter de Valmont. Este, desesperado com a recusa, busca conhecer o autor das cartas. Descobre que quem escreve à Mme. de Tourvel revelando seu passado de conquistador inveterado é Mme. de Volanges, mãe de Cécile: “... mais falso e perigoso do que amável sedutor, nunca deu um passo, que não correspondesse a um plano desonesto” (carta IX). Irado, Valmont aceita a proposta que lhe fora feita pela Marquesa. Desvirginar Cécile era agora sua meta, sua vingança: “... desde que a idade dessa maldita mulher a põe ao abrigo de meus golpes, é preciso feri-la no objeto de seus amores”(carta XIV). Valmont habilmente seduz Cécile transformando-a numa experiente amante, fazendo-a crer que assim, melhor agradaria seu futuro marido. Em carta a Merteuil declara “... foi a seu pedido que a tomei aos meus cuidados e só espero suas ordens para desfazer-me dela”(carta CXXIX). 
            Valmont, no entanto, não desiste da conquista de Mme. de Tourvel. Aos poucos vai envolvendo-a até fazê-la abandonar suas reservas e entregar-se a ele. Arrependida, ela foge para Paris. O visconde parte em sua busca e a convence, fazendo-a acreditar em seu amor. Mme., confusa, cede. Valmont, exultante, apressa-se em comunicar o feito para a Marquesa de Merteuil e exigir a recompensa: sua noite de amor com ela. Afinal, obtivera sucesso em sua missão! A Marquesa nega-lhe o encontro. Está irredutível porque havia percebido que Valmont - antes mesmo que ele tivesse se dado conta - tinha realmente se apaixonado por Tourvel. Exige provas, quer cartas que confirmem o que Valmont lhe diz.: “... posso ter tido a pretensão de fazer as vezes de todo um harém, mas nunca admiti fazer parte de um deles”(carta CXXVII). Valmont tenta se justificar: “... eu precisava, para minha observação, de uma mulher delicada e sensível, que tivesse no amor sua única preocupação...... cuja emoção, longe de seguir o caminho habitual, partisse sempre do coração para chegar aos sentidos.(...) nossos laços foram apenas desatados, não rompidos”(carta CXXXIII).
               A Marquesa, no entanto não se deixa comover. Está inflexível e ferida no seu orgulho. Humilhada, quer humilhar. Propõe ao submisso Valmont que rompa com Mme. de Tourvel, para isso, dita-lhe, palavra por palavra, o que deveria dizer a ela: “... hoje uma mulher a quem amo perdidamente, exige que eu te sacrifique. A culpa não é minha... Adeus meu anjo, possui-te com prazer, deixo-te sem pesar: talvez um dia volte a ti. Assim segue o mundo, A culpa não é minha” (carta CXLI).
Valmont, totalmente submetido aos desígnios de Merteuil, rompe com Tourvel. A Marquesa ironiza: “... seu triunfo me lisonjeia... mas não foi sobre ela que alcancei essa vitória, foi sobre você: eis aí o divertido da história”(carta CXLV).
           O Visconde humilhado procura vingar-se. Descobre que outro homem recebia agora as atenções da Marquesa: o jovem músico Danceny amante de Cécile. Prepara um encontro de  Cécile com Danceny, e este deixa de ir visitar a Marquesa. Valmont avisa-a e prova-lhe que ela havia sido preterida pelo jovem amante.
Danceny, sentindo-se enganado, desafia Valmont para um duelo, no qual mata Valmont. A Marquesa, abandonada por Danceny e sem Valmont, fica só e é desprezada pela sociedade que começa a tomar conhecimento de seus atos. É acometida de varíola, ficando desfigurada e perde um de seus olhos: “. a moléstia a fez voltar ao natural e agora sua alma está estampada no rosto”.(carta CLXXV).
Mme. de Tourvel, tomada pela culpa, adoece e morre: “ eu me julgava bem certa de que ia morrer e tinha a necessária coragem; mas sobreviver a minha desgraça e a minha vergonha, é o que me é impossível ”.(carta CXLIX).
             Cécile de Volanges, grávida de Valmont, perde o bebê e interna-se no convento e Danceny, ciente da trama em que fora envolvido e indignado com a Marquesa, parte para Malta.
          O romance, portanto, termina com seus heróis principais mortos, parecendo indicar que não há lugar para aqueles que enredam ou se deixam enredar pelas leis do desejo: “... se as pessoas estivessem mais esclarecidas sobre sua verdadeira felicidade, não a buscariam jamais fora dos limites prescritos pelas leis e pela religião” (carta CLXXI)

A PERVERSÃO

                O termo perversão implica em si mesmo a noção de algo que se constrói em relação a uma versão dada, ou seja, se algo que só pode se constituir em relação à existência de uma versão.
                    Freud, em 1905, nos “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” escreve:
 “ O conceito popular do instinto  é refletido na lenda, cheia de poesia, segundo a qual, os  primeiros  seres  humanos   foram  divididos  em  duas  metades  -  o homem
e a mulher - que estão procurando eternamente, se unir novamente pelo amor”. (...) “A opinião popular tem idéias bem definidas sobre a natureza e as características da pulsão sexual. Convencionou-se dizer que essa pulsão falta à infância, que ela se instala na época da puberdade e em estreita relação com o processo de maturação, que ela se manifesta sob a forma de uma atração irresistível exercida por um dos sexos sobre o outro e que seu alvo seria a união sexual ou pelo menos ações que levam a isto”.
                  Essas versões (negrito meu- Raquel) convencionadas pela opinião popular serão polemizadas por Freud, que propondo a noção de pulsão e não de instinto, propõe liberar o homem de uma lei que determine e limite a escolha de seu objeto sexual biologicamente. No entanto, quando nomeia “invertido” ou “pervertido” àqueles que de alguma forma desviam-se dessa lei, Freud está enfatizando a existência de uma “versão”, marcando o parâmetro biológico como referência, ao mesmo tempo em que o nega.
                  Ao modelo do perverso, como mostraria mais tarde, Freud desafia a lei ao mesmo tempo em que pelo desafio a confirma.
            Assim, a perversão - o termo e a estrutura - se constrói sempre em relação a uma versão consensualmente aceita, que pode ser de ordem biológica, psicológica ou social. Se não há versão, não pode haver perversão. Se não houvesse Lei não haveria transgressão, não se constituiria o perverso.
               A perversão se constitui a partir da lei da castração. Frente à angústia, o perverso desenvolve o mecanismo de renegação que o torna cativo de uma lei antinômica: por um lado mantém o compromisso com a realidade, ou seja, reconhece a castração; por outro, persiste a crença na teoria sexual infantil. Dessa forma, a diferença entre os sexos e a interdição do incesto que são as conseqüências+ mais imediatas da castração, ficam marcadas pela ambigüidade. Por essa mesma ambigüidade, o perverso reconhece a lei como um limite existente, para através do desafio e da transgressão provar que talvez ela não exista.
             É nessa burla, na transposição da lei, que o perverso garante seu gozo, desde que assim esteja impondo a sua lei à Lei, que em última instância é a lei do pai.
               A castração remete o perverso à dialética do ser. Ao contrário do histérico e  do  neurótico  obsessivo  que  se  centram  na  alternativa  do  ter ou não ter (o falo), seu desafio remete-o à dialética do ser. A questão que se lhe impõe é a do ser ou não ser (o falo).
            Pode se dizer assim, que o perverso  mantém frente à lei uma posição dupla: de reconhecimento e de não reconhecimento, de aceitação e de não aceitação. Assim sendo, o desafio é uma forma de provar que a lei pode ser burlada. Essa burla, porém exige a condição de uma testemunha que assista a escamoteação da castração. Segundo Jean Clavreul, “o olhar do outro é indispensável, porque é necessária a cumplicidade para que confirme a existência da ilusão”. Nessa cumplicidade o outro também se desvia em relação às balizas e aos limites que o inscrevem em relação à lei.
         O segredo é um alvo atraente para o perverso, que o incita a usar suas armas prediletas: o desafio e a transgressão. Consiste na tática de enredar um terceiro como cúmplice de uma informação sobre a qual este deve se calar. Instituída essa situação, o perverso pode manejar de forma a satisfazer seu prazer.

OS PERSONAGENS

       Se tomarmos Valmont, observamos que sua conduta se pauta pelo desafio às imposições morais. Orgulha-se de sua reputação de libertino. Engaja-se em seus projetos, estuda suas ações com lucidez e cinismo, buscando sempre triunfar sobre os códigos que regem a sociedade. A lei não é para ser respeitada, a lei é para ser desafiada, para ser transgredida. É nesse tipo se relação com a lei que Valmont se estrutura.
          Essa característica em Valmont nos faz pensar num caráter perverso, que só aceita o limite, ou em outros termos, a castração, se puder transgredi-lo. Transgredir a lei é a necessidade imperativa de não se sujeitar à castração. Valmont faz maldade, não por maldade, mas em função de subverter e / ou perverter a ordem dos valores, de introduzir o outro, através de seu “mau exemplo” em seu universo de perversão. Todo seu movimento busca o prazer, o prazer de fazer valer a própria lei e dessa forma confirmar sua liberdade em relação à lei do pai.
            A Marquesa se destaca como uma figura toda-poderosa, buscando controlar os que estão à sua volta, usando-os como instrumentos para a realização de suas intenções. Seu desejo de domínio estende-se às ações, aos pensamentos e às intenções do outro (negrito Raquel). Encontra em Valmont seu melhor parceiro. Reconhece a diferença entre os sexos, reconhece sua condição de castrada...mas não aceita: “... sempre soube que nasci para dominar seu sexo e vingar o meu” (carta LXXXI) diz a Valmont.
            Essa fala remete a uma estrutura de personalidade histérica, onde a busca do poder se constitui numa reivindicação fálica. Aqui a intriga, a maldade a falsidade são conseqüências da inveja e da vingança, e constituem, ao mesmo tempo, as armas da luta pelo poder.
          A Marquesa de Merteuil e o Visconde de Valmont se complementam numa parceria   na qual  a maldade  é prazerosa e a culpa  inexistente: “... uma aventura digna de um herói: você servirá ao amor e à vingança. Será enfim uma travessura a mais para incorporar às suas memórias” (carta II).
Valmont, fascinado que é pela Marquesa, oferece-se como alguém a ser por ela instrumentalizado: “ ... você é capaz de fazer amar o despotismo “ (carta IV).  Ela, dominadora, ardilosa, assume total controle sobre ele.   Quando começa intuir que ele está se apaixonando por Mme. de Tourvel , antes mesmo que o próprio se dê conta do seu amor, a Marquesa começa a dar sinais de intranqüilidade. Ameaçada de perdê-lo, reage como se estivesse perdendo parte de si mesma.
                Que tipo de vínculo é esse que liga Merteuil a Valmont?
               Podemos observar que o amor e o desejo que os une, encobre uma relação de dependência mútua, na qual Valmont parece se postar frente a Merteuil, mais como filho do que como amante. Se tomarmos a descrição lacaniana do Complexo de Édipo, podemos identificar em Valmont, o menino que deseja ser objeto do desejo da mãe, que crê que a mãe o ama e que é objeto exclusivo de seu amor. O que ignora é que a mãe procura outra coisa, mais além dele: sua plenitude narcísica. O menino e a mãe formam uma unidade narcisista em que cada um possibilita a ilusão, no outro, de sua perfeição produzindo um narcisismo perfeito. A mãe converte o filho em falo, para poder ser a mãe fálica e assim ignorar a castração. O filho é o falo, a mãe é a lei. Um alimenta a ilusão narcísica do outro.
             Valmont se oferece como falo da Marquesa e nessa medida a constitui mãe fálica, restabelecendo e alimentando a ilusão infantil. Abandonar essa posição é submeter-se à lei. Perversamente, nessa relação vive a recusa da realidade e o gozo da transgressão. Por sua vez, a Marquesa, presa da mesma ilusão, o toma como o falo que supre sua própria castração, sua incompletude. Tem o falo que a completa, tem alguém para quem ela é tudo e toda. Goza do atributo de poder marcar a lei do seu desejo, como lei onipotente. A Marquesa  também vive, à seu modo, incólume à ação da Lei, a ilusão da plenitude narcísica. Um reforça o desejo do outro, um é elemento essencial para o outro, na medida em que, assim, garantem o triunfo sobre a Lei.
               Essa relação idílica fica ameaçada, quando Valmont se apaixona por Mme. de Tourvel. Esta lhe propõe um novo modelo de relação de amor e não de fusão. Ela é mulher e o quer como homem. Ela representa para Valmont a possibilidade de tornar-se todo, inteiro, íntegro, tal como ela o era. Mas o preço é alto: a castração. “... não há mais, para mim, felicidade nem retorno, sem a posse  dessa mulher que odeio e que amo com igual furor” (carta C ).  Mme. de Tourvel traz a vida e traz a morte. Em Valmont o amor e o desejo se degladiam, fazendo-o sofrer angustiadamente o dilema entre o ser  (o falo) e o ter  (o falo). A Marquesa, sentindo a iminência de perder Valmont e conseqüentemente a ilusão, trata de substituí-lo por outro que se possa prestar a ser seu atributo fálico: o Cavalheiro Danceny.
              Valmont está angustiado, e regredido corre a buscar alento na antiga relação: “... deixe mão de Danceny e prepare-se para novamente gozar e me proporcionar as delícias da nossa primeira ligação” (carta CXV). A Marquesa ferida em seu orgulho exige que ele rompa sua nova ligação amorosa. Tal qual o “outro como lugar do código”, como define Lacan, indica as palavras que deve usar ao falar com Mme. de Tourvel. Valmont se submete: quer fugir à castração e recuperar a posição de falo. Sua identidade está em jogo. Mas a Marquesa já não o quer, Danceny ocupa agora o lugar que fora seu. Valmont está destituído de seu lugar, mas tem em sua posse o segredo da trama que enredara todos os personagens. Revela o segredo e expõe sua cúmplice. Quando desafiado por Danceny ao duelo, aceita e deixa-se matar. Como poderia Valmont sobreviver? O que está proposto, na verdade é um duelo interno entre, por um lado, a irresistível atração pela situação idílica narcísica que, no entanto, o condenava à eterna fusão, à eterna indiscriminação (ser o falo) e por outro, a possibilidade de ser amado como homem, indivíduo, que, no entanto, exigia a submissão à castração (ter o falo).  Na dialética do ser ou do ter, Valmont se resolve pelo não ser, fica a meio caminho de uma posição abandonada e outra não alcançada.
                 A Marquesa, por sua vez, perde seu melhor parceiro, seu grande cúmplice na burla da Lei, que lhe garantia o narcisismo, sua completude. Sem Valmont, está reduzida à condição de mulher castrada: à onipotência contrapõe-se a impotência, à arrogância contrapõe-se a humilhação.
              Está desfeita a parceria, está desfeita a relação narcísica que sustentava a burla da lei, que os permitia viver à margem de qualquer sanção.
Impôs-se a realidade sobre o desejo.    
            
ASPASIA PAPAZANAKIS
BIBLIOGRAFIA
Bleichmar, H.  “Introdução ao estudo das perversões: a teoria do Édipo em Freud e Lacan” -  Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
Clavreul, J. ... ( et al.). “O desejo e a perversão”- Campinas, SP : Papirus, 1990.
Chordelos de Laclos, P.A.F. “Ligações perigosas”- SP: Livraria José Olímpio,1947
Dor, Joel  “Estrutura e Perversões” -  Porto Alegre, Artes Médicas, 1991.
Freud, S.  “Os três ensaios sobre a sexualidade”; in Edição Standart Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. XIII - Rio de Janeiro, 1974.
Laplanche, J. “Vida e morte em Psicanálise”- Porto Alegre, Artes Médicas, 1985.
Valas, P.  “ Freud e as Perversões” - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Filho, 1990
Vignoles, P. “A perversidade” - Campinas, SP: Papirus, 1991.
Filme: “As Ligações Perigosas”   por  Stephens Frears

Créditos: Psyché Universidade São Marcos ISSN (Versión impresa): 1415-1138 Psychê — Ano X — nº 18 — São Paulo — set/2006 — p. 191-207) http://redalyc.uaemex.mx/pdf/307/30701820.pdf