O saber psicológico sempre
esteve presente no interesse do homem no que diz respeito ao desejo em saber
mais de si, mais da “alma”, mais do
algo interno, e que buscamos na ciência a explicação para alguns conceitos tão
inerentes à própria existência humana.
A Psicologia enquanto
ciência se faz da união entre a fisiologia (funcionamento do organismo – o biológico)
e a filosofia (o saber que se preocupa com o pensamento – a metafísica
significando, para além da física; da
matéria).
Os primeiros estudos a
respeito do psiquismo data desde o século V a.c. com Platão, Aristóteles e
outros sábios gregos, que se atinham em questões como a memória, a
aprendizagem, a motivação, a percepção, a atividade onírica e o comportamento
anormal.
A característica
essencial que começou a culminar em algo parecido com o que entendemos hoje,
como sendo a Psicologia ocorreu quando houve a mudança no método de estudo dos
fenômenos mentais datando o último quarto do século XIX. Vê- se vestígios disto
quando a abordagem e as técnicas usadas se tornaram essencialmente científicas,
estruturadas à base das ciências físicas e biológicas, fazendo com que a Psicologia
da época, fosse diferenciada em uma ciência única, e não mais como um ramo da
filosofia.
Foi então que, em
dezembro de 1879, em Leipzig na Alemanha, o fisiólogo Wilhelm Wundt implantou o
primeiro laboratório de Psicologia do mundo. Em 1881, fundou a revista
“Philosophísche Studien”, considerada a primeira revista de psicologia dedicada
primordialmente a relatos experimentais.
Enquanto isso, em
meados de 1882 e 1885 o neurologista Sigmund Freud começou sua observação a
respeito de quadros histéricos juntamente com o também médico, Josef Breuer. O
que intrigou inicialmente Freud foi que após seu envolvimento com estudos de
Charcot sobre a hipnose, percebeu que conseguiria realizar um trabalho de cura
com pacientes enfermos, eles estando sob a posse da consciência, e não precisando
utilizar – se das técnicas hipnóticas.
Percebeu que a cura pela
palavra era possível. Para ele foi uma grande providência estudar este universo
antes nunca explorado na área médica.
Descobriu que imperava
um lugar obscuro da alma humana, algo que não estava disposto na consciência,
mas que esta era uma via de acesso a este universo sombrio. Atentou que este
lugar podia ser trazido às esferas mais superficiais (consciência) com o tratamento psicoanalítico (análise da psiquê, da
mente).
Surgiu então um novo
saber, algo que estava prestes, segundo ele mesmo acreditava, uma ciência
revolucionária, algo inexplorado e mágico a respeito da mente humana para além
da física.
A diferença primordial
entre Psicologia e Psicanálise é que a Psicologia, enquanto Ciência e
Profissão, tal como consta no juramento do formando em Psicologia, e regida a
partir de um conselho científico, necessita de argumentos que sustentem o
metafísico.
Para a Psicologia há que
se explorar algo palpável e visível tal como os comportamentos; já para a Psicanálise
o que interessa é o desejo do sujeito.
Desde os primórdios da
Psicanálise, seu fundador e idealizador, Sigmund Freud visava este saber a
todos aqueles que mantêm um interesse por ela, não estreitando- a somente aos
médicos ou Psicólogos. Sua grande tendência era o saber repassado não só aos
especialistas, mas também aos leigos como cita em sua conferência em 1909, a
Clark University, Worcester, Massachusetts.
Seu propósito era de separar
a Psicanálise de outros saberes científicos e fazer dos psicanalistas todos aqueles
que mantêm um interesse pela formação, não se inclinando a área acadêmica.
Logo, o desejo de Freud
foi construído e praticado, e o que temos hoje é um saber comum a todos. Ou
seja, um formado em Letras ou em Biologia, poderá iniciar a Formação em uma
escola de Psicanálise, sendo assim nomeado psicanalista.
A grande confusão, se é
que posso assim dizer, é que muitas vezes são indiscriminados alguns nomes e
títulos a algumas formações distintas. São elas:
O Psicólogo não
necessariamente é um psicanalista, mas estuda Psicanálise dentro da faculdade
de Psicologia, mesmo sendo a Psicanálise um saber avulso à Psicologia.
A formação do Psicólogo
é estruturada por uma faculdade tanto prática quanto teórica que percorre uma duração
de cinco anos (4 anos bacharelado- formação do Psicologista; mais um ano para
obter a licenciatura- formação do Psicólogo).
Dentre as áreas
possíveis de teorização e atuação do psicólogo estão a Clínica e a Instituição
(como hospital psiquiátrico, hospital médico, Tribunal de Justiça, Polícias
Civil, Federal e Militar, CREAS e CRAS, entre outras).
As três principais
abordagens teóricas da Psicologia formam a tríade psicológica: 1- Psicanálise;
2- Comportamental; 2- Humanismo.
A Psicanálise aborda o
“grande buraco negro”, o
inconsciente. É um método terapêutico cujo objetivo é a interpretação de
conteúdos inconscientes que podem vir à tona através de sonhos, palavras, ações
e produções imaginárias. A técnica utilizada está pautada na associação livre e
na transferência.
O comportamentalismo
aborda a gênese do ser humano como sendo uma tábula rasa, em que o processo de aprendizagem é imperativo para
sua constituição. A modificação dos comportamentos não desejados são banidos
com técnicas próprias desta subárea da Psicologia. A observação externa é
levada em conta, inclusive a influência do meio no processo de aprendizagem dos
comportamentos.
O Humanismo vê o ser
humano como o ser que detém a responsabilidade de si e de suas ações, não sendo
ele controlado pelo ambiente, nem pelas condições impostas. A consciência de
suas escolhas e atitudes é o que faz da teoria humanista ter como base
principal a epistemologia e a fenomenologia.
Se o psicólogo após sua
formação não quiser se especializar em nenhuma destas subáreas, terá como seu
título Psicólogo Clínico, onde poderá atuar com uma destas abordagens ou
nenhuma, se fazendo utilizar apenas da Psicologia Clínica tanto no consultório
quanto em instituições.
Uma parcela da
população não se atenta pela diferença entre a atuação do psicólogo e do
psiquiatra. O psiquiatra não necessariamente é um psicanalista, a não ser que
ele obtenha a formação para isto. Além de sua formação médica e de sua
especialização em psiquiatria, deverá ter formação em uma Escola de Psicanálise
para obter a denominação de psicanalista.
O psicólogo não é um
psiquiatra, nem um psiquiatra é um psicólogo, a não ser que tenham as duas
formações (Psicologia e Medicina com especialização em psiquiatria).
O psiquiatra é um
médico, poderá prescrever um tratamento diferente da Psicologia. A inserção de medicamentos está sob a atuação
dele, não sendo o mesmo foco do Psicólogo, cuja cura advém pela palavra e não
pelo medicamento.
Uma questão
interessante é “quem pode ser atendido pelo psicólogo?” A resposta é todos que desejam o aprimoramento de si
e consciência da vida. Não necessariamente a Psicologia serve somente para casos
de psicopatologia (transtornos da mente como a Depressão, o Transtorno de Humor
Bipolar, Transtorno de Personalidade Borderline), mas também as pessoas ditas
por Freud como Neuróticas, que psicanaliticamente falando, equivalem ao sujeito
“normal”.
Não costumo falar o
termo autoconhecimento, até porque penso que todos nós sabemos ou pelo menos
intuímos quem somos, mas em que diversas fases de nossas vidas não mantêm por
diversas razões, a consciência (de
significado maior desta palavrinha).
Tanto a Psicologia
quanto a Psicanálise tratam de questões relacionadas ao encontro, ou melhor, o re- encontro de si. Muitos traumas, e
angústias podem ser cuidados na clínica tanto do analista quanto do psicólogo
clínico, só que, por abordagens diferentes e se utilizando de técnicas às vezes,
diferenciadas.
Referências e algumas
sugestões para estudo:
SCHULTZ, Duane P.,
SCHULTZ, Sydney E. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2005.
ODAIR, Furtado; BOCK,
Ana Mercês Bahia; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. As Psicologias - Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. São
Paulo: Ed. Saraiva 13ª.ed , 1999- 2001.
Cinco lições de
Psicanálise (1910 (1909)). Obras
completas Sigmund Freud Vol. XI.
adorei a musica. qual ''''''''''é?
ResponderExcluirMônica, a música é Llewellyn - Waking Dreams.
ExcluirGrande abraço.