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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Atenção aos sinais de autismo: Identificação prévia pode ajudar a criança em seu desenvolvimento




Deitado na cama dos pais, o bebê Pedro parece indiferente às tentativas dos parentes de chamar sua atenção. Observa as almofadas e outros objetos do quarto e não fixa os olhos em nenhum dos rostos sorridentes ao seu redor. Aos poucos, as brincadeiras da mãe transformam-se em pedidos angustiados de atenção, mas ele continua aparentemente surdo aos apelos. A cena de poucos minutos é de um vídeo caseiro, parte do material de pesquisa do neuropsiquiatra Fillipo Muratori, da Universidade de Pisa. Ao analisarem o comportamento do menino, diagnosticado anos depois com autismo, e de outras crianças em gravações caseiras, Muratori e sua equipe mostraram que os sintomas do transtorno do desenvolvimento surgem desde cedo.

 A estimativa é que uma em cada 88 crianças tem o transtorno do espectro autista (TEA), segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDCs, na sigla em inglês). O termo “espectro” significa que há vários graus do distúrbio, mas todos compreendem, em menor ou maior intensidade, os seguintes sintomas: profunda ausência de habilidades sociais, baixa capacidade de comunicação e comportamentos repetitivos, apatia, aparente surdez, ausência de expressões faciais de afeto. Independentemente da gravidade da manifestação, há problemas de interação social.

Humanos têm disposição inata para relacionamentos e comunicação: somos sensíveis às expressões faciais, reagimos a elas. Nas crianças autistas, no entanto, algo falha nesse contato inicial. Para a psicanálise, os sintomas podem se manifestar como um refúgio defensivo, desencadeado por experiências emocionais traumáticas. O psicanalista Alfredo Jerusalinsky, especialista em autismo, considera que o transtorno é uma interação entre causas neurobiológicas e experiências traumático-psicológicas nas relações primordiais entre mãe e bebê. Em outras palavras, a manifestação inicial de algum sintoma de origem orgânica afasta o bebê do ideal dos pais. Se desistem de estimular a criança, o quadro se agrava.

A boa notícia é que as chances de melhora dos sintomas são significativas quando o diagnóstico é feito até os primeiros dois anos de vida. Nesta fase, considerada por muitos especialistas em desenvolvimento infantil um divisor de águas, ocorre uma mudança considerável nas habilidades de intuição social e na aquisição de linguagem. Psicanalistas especializados em crianças e adolescentes têm estudado formas de estimular o autista de forma adequada. Estudos recentes têm mostrado que abordagens que utilizam o “manhês” – linguagem caracterizada por entonações de voz e ritmos específicos que adultos usam instintivamente ao se dirigir aos filhos pequenos – e expressões faciais exageradas podem ser eficazes para tentar inserir a criança no universo da expressão verbal.

Mesmo em casos em que os sintomas são mais intensos, possivelmente associados a causas neurobiológicas, o atendimento psicanalítico precoce e contínuo pode contribuir para o desenvolvimento psíquico – o profissional pode ajudar os pais a entender o transtorno, apontando caminhos para lidarem com as culpas, frustração das expectativas, angústias e dores. Enfim, mostrar-lhes a real possibilidade de se tornarem aliados no desenvolvimento da criança.

Os sintomas do autista, geralmente persistem ao longo de toda a vida e são verificados através de muita observação, tais como:


  • Usa as pessoas como ferramenta, isto é, aponta objetos para que as pessoas peguem para eles sem manifestarem esforço para faze-lo.
  • Resiste a mudanças de rotina.
  • Isola-se e não se mistura a outras crianças.
  • Não mantêm contato visual com outra pessoa.
  • Age como se fosse surdo, não atendendo a chamados.
  • Resiste ao aprendizado.
  • Apresenta apego a determinados objetos.
  • Não apresenta medo de perigos.
  • Gira objetos de maneira estranho e peculiar.
  • Apresenta risos e movimentos com relação a nada.
  • Resiste extremamente ao contato físico.
  • Acentuada hiperatividade física.
  • Às vezes torna-se agressivo, destrói objetos, ataca e fere pessoas aparentemente sem motivo.
  • Apresenta certos gestos imotivados como balançar as mãos ou ficar balançando-se.
  • Apresenta comportamento indiferente e arredio.
  • Cheira ou lambe os brinquedos. 



Fontes: Mente e Cérebro e Fio Cruz ( http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/autismo.htm )

3 comentários:

  1. Trabalho com adultos autistas, eles são muito inteligentes.
    É um mundo diferente, mas atraente.

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    Respostas
    1. Riquíssimo, cara Jaqueline! As crianças mais ainda porque podem ter grandes benefícios quando diagnosticadas brevemente.

      Obrigada pela visita e pelo comentário!

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  2. Há um menino na instituição onde trabalho que se fosse investido e trabalhado seria uma grandiosidade e um bem à humanidade. Mas infelizmente, além de nossa instituição está desprovida de estrutura para auxiliar no desenvolvimento dele, sua família é carente e ignora sua inteligência e seu potencial. Lamentável!

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